Os fatos negros e as palavras cada vez mais cautelosas foram povoando, após as duas horas da tarde, as emissões televisivas em direto que acompanhavam - a partir de Londres, Windsor e Balmoral, na Escócia - todos os detalhes do estado de saúde de Isabel II. Sinais evidentes de uma má notícia. Era oficial: pouco depois da hora de almoço, a "Operação Ponte de Londres" estava em marcha. Porém, com alterações por estar a acontecer na Escócia, valendo-lhe também o nome de Unicórnio.
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Durante a tarde, enquanto os filhos da monarca - os príncipes Carlos, Ana, André e Eduardo, a par dos netos William e Harry - rumavam a Aberdeen com urgência, começavam a juntar-se, sob chuva e diante do palácio de Buckingham, a residência oficial de Isabel II, as primeiras centenas de britânicos preocupados com o estado de saúde da soberana.
A primeira-ministra Liz Truss terá sido, de acordo com o protocolo, uma das primeiras pessoas, além da família, a ser informada. A porta-voz revelou que a chefe de Governo soube pelas 16.30 horas, exatamente duas horas antes da comunicação oficial ao público.
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"A ponte de Londres caiu". Era esta a frase que estava acordada ser dita às mais altas figuras da Grã-Bretanha e da Commonwealth quando a morte de Isabel II chegasse, permitindo veicular a informação secretamente sem que os funcionários de Buckingham soubessem da notícia antes de esta ser comunicada oficialmente.
Tal como o guião previa, Truss dirigiu-se ao país depois de a BBC, estação pública, fazer ecoar o hino acompanhado da imagem da monarca e de um funcionário da corte afixar a Notificação Oficial da morte diante dos portões do Palácio de Buckhingham e de as bandeiras descerem a meia haste.
De seguida, todas as plataformas online da família real - site e redes sociais - ficaram a negro e com a imagem da monarca. Também a plataforma do príncipe Harry e de Meghan Markle, a Archwell, fez homenagem semelhante.
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Com o país, o mundo e a família real de luto, é esperado que entre hoje e amanhã o Conselho de Sucessão reúna e proclame Carlos III como rei. Cumprindo a tradição, os próximos dias do novo monarca serão marcados pelas visitas aos territórios que constituem o Reino Unido: Inglaterra, Gales, Escócia e Irlanda do Norte.
De acordo com a imprensa britânica, Carlos deverá encontrar-se, domingo, o terceiro dia das exéquias, com a primeira-ministra escocesa Nicola Sturgeon para receber as condolências e, dois dias depois, deverá ir à Irlanda do Norte.
À margem deste processo, urge ainda decidir a insígnia do novo rei que há de espelhar-se em notas, selos, nos postos dos correios, nos passaportes e nos uniformes reais. Também o hino terá de ser alterado: God Save the Queen (Rainha) deverá dar lugar a King (rei).