Com um reinado marcado pela postura sóbria e imparcial, foi nas atitudes da descendência que a rainha Isabel II encontrou mais motivos para dores de cabeça
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Embora unificadora, a figura de Isabel II não conseguiu evitar que os escândalos familiares revelassem que existe algum aniquilamento nas estruturas da monarquia britânica.
Na década de 1980, os casamentos dos filhos Carlos, com Diana Spencer, e André, com Sarah Ferguson, assim como as repercussões que as desavenças conjugais dos mesmos tiveram na opinião pública, levaram Isabel II a trilhar caminhos de aproximação ao povo. É neste contexto que muitos observadores interpretaram algumas das decisões que a rainha tomou como, por exemplo, a de visitar vítimas de ataques terroristas.
Anos depois, teve relevo a atitude de Isabel II na sequência da morte em acidente de viação (em agosto de 1997) da princesa Diana, em quem muita gente via uma vítima. Numa primeira fase foi negado um funeral de Estado à "princesa do povo", mas depois do desagrado dos súbditos, o Palácio de Buckingham deu um passo atrás.
A reboque dos acontecimentos, a rainha empenhou-se no sentido de não perder a identificação com os seus súbditos, conseguindo fazer subir a popularidade da família
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A participação dos membros mais jovens da família real em compromissos oficiais trouxe a leveza e o sinal de renovação que a Coroa precisava no início do novo milénio. William, o neto mais velho de Isabel II, estava cada vez mais presente nos eventos públicos e o anúncio de que iria casar com Catherine Middleton fez os britânicos delirar.
O enlace, que ocorreu na Abadia de Westminster, em 2011, parou o Reino Unido e trouxe uma lufada de ar fresco. O nascimento dos três filhos - George, Charlotte e Louis - foram marcos de felicidade para a rainha, que viu a linha de sucessão ao trono ser assegurada. Porém, episódios menos felizes estariam por chegar.
Escândalos recentes
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Nos últimos anos de vida, Isabel II foi-se mantendo longe dos holofotes, mas as polémicas associadas a outros membros da família continuaram a atormentar a monarquia. André, um dos filhos da monarca, foi envolvido num escândalo sexual, depois de Virginia Giuffre alegar que Jeffrey Epstein a empurrou para um encontro sexual com o príncipe.
Mas um dos mais turbulentos episódios no núcleo da Coroa teve Harry e Meghan como protagonistas, já que o filho mais novo de Carlos decidiu abandonar, juntamente com a esposa, o Reino Unido e mudar-se para os EUA, em 2020.
Os duques de Sussex começaram uma vida autónoma e livre das obrigações reais. A liberdade que adquiriram fez com que aceitassem conceder uma entrevista a Oprah Winfrey, em março de 2021. Grávida da filha, Meghan fez revelações chocantes ao dizer que a família real teria questionado a cor da pele do primeiro filho do casal enquanto ainda o carregava no ventre.
As declarações ecoaram por todo o Mundo e os Windsor passaram a ser chamados de racistas. Até hoje, o casal não confessou quem teria proferido as palavras mas uma coisa ficou assente: não foram expressas por Isabel II, garantiram.