As orcas que interferem com os barcos na costa da Espanha e de Portugal não o fazem por agressão, mas por curiosidade. Esta é a conclusão de Alfredo López, do Grupo de Trabalho Orca Atlântica.
Corpo do artigo
Desde 2020, registaram-se cerca de 236 interações entre orcas, também conhecidas como baleias assassinas, e barcos na Península Ibérica, de acordo com o "Spanish News Today". O JN noticiou, em outubro do ano passado, que os ataques de orcas ao largo da costa portuguesa triplicaram este ano relativamente a 2020. Só nos primeiros dez meses de 2021 ano houve 51 registos, 21 deles com danos nas embarcações.
De acordo com o biólogo Alfredo López, do Grupo de Trabalho Orca Atlântica, se as orcas fossem agressivas, os golfinhos que às vezes surgem a acompanhá-las não se aproximariam delas.
"Desde que observámos estes casos e estamos a registar o que acontece nessas circunstâncias, verificámos que os comportamentos das orcas não são agressivos, todos os seus comportamentos, formas de se movimentarem e ações não mostram agressividade", disse López à revista "Newsweek". "Embora não se alimentem de golfinhos, se as orcas fossem agressivas, os golfinhos não se aproximariam delas por prevenção. Por isso, a imagem das orcas a nadar com os golfinhos demonstra, mais uma vez, que a sua atitude não é nada agressiva nas ações de interação que realizam com os veleiros".
As orcas são animais muito inteligentes, por isso aproximam-se dos barcos por curiosidade. Também podem ser animais brincalhões. Algumas orcas foram observadas a perseguir barcos ou a morder o leme, como se estivessem a jogar um jogo. No entanto, as orcas podem crescer às vezes até 7,9 metros e podem pesar mais de cinco toneladas. Assim, as interações podem ser assustadoras para marinheiros e passageiros de barcos.
No final de julho deste ano, cinco pessoas foram resgatadas depois de o veleiro onde seguiam ter afundado após um encontro com orcas, ao largo da costa de Sines. Horas antes, uma embarcação de passeios turísticos conseguiu escapar de uma interação com um grupo de orcas em Sesimbra. O comandante da embarcação turística decidiu executar a manobra de Marc Herminio, que no ano passado repeliu um ataque de dez orcas em Gilbraltar, ao colocar o seu veleiro em marcha à ré, em vez de o imobilizar e desligar o motor, como é sugerido pelas autoridades.
Porém, segundo López, as orcas não estão em modo de ataque. "Não são ataques. São interações, ou seja, orcas detetam um objeto estranho que entra nas suas vidas e respondem à sua presença, mas não de forma agressiva. Não mostram agressividade no seu comportamento, mas sim tocando e manipulando. Isso é o que definimos como interações", rematou.