Apesar do clima de intimidação e de repressão policial que se tem vivido em algumas zonas da Venezuela, o empresário português Paulo Cordeiro considera que os venezuelanos "estão a perder um pouco o medo". Este sábado, milhares de manifestantes voltaram a sair à rua contra Maduro.
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"As pessoas vão para a rua com outra coragem, pois estão fartas, cansadas", afirma, ao JN, a partir de Lecheria, no estado de Anzoátegui, para onde emigrou em 2008. O país "está muito mais dividido" do que no tempo de Hugo Chávez, acrescenta.
Os jovens, diz, são o principal rosto do descontentamento, mas também uma das primeiras vítimas. "Há relatos de estudantes presos e torturados e de jovens desaparecidos. A Guardia Nacional invade apartamentos sem mandatos, disparam contra as casas, partem vidros de carros", relata.
Em Lecheria, o dia a dia corre com alguma normalidade, comparado com Caracas, a capital, ou Táchira, onde foi decretado o recolher obrigatório e onde, por vezes, há cortes nas comunicações e no abastecimento de combustível.
Paulo Cordeiro refere que a única alteração na sua vida, por força do atual clima de instabilidade política, se prende com o facto de o Colégio_Internacional, frequentado pelos dois filhos, estar encerrado desde quarta-feira, por razões de segurança. "As aulas são agora dadas através da Internet", explica.
Nos supermercados, há escassez de bens de primeira necessidade, como a farinha de milho - um dos pilares da alimentação dos venezuelanos -, e racionamento, o que gera "filas intermináveis" sempre que as lojas são abastecidas.