Os norte-americanos acreditam que Osama bin Laden viveu os últimos cinco ou seis anos na mansão em que foi morto, em Abottabad, no Paquistão, nas "barbas" dos militares paquistaneses.
Corpo do artigo
A ideia de que bin Laden andaria de terra em terra, a viver em grutas, como um animal, entre as montanhas do Afeganistão e do Paquistão, caiu por terra no momento em que foi anunciada a morte do fundador da al Qaeda.
Horas depois de ter sido abatido, numa casa de 1 milhão de dólares, na calma cidade de Abottabad, no Paquistão, os norte-americanos confirmaram que bin Laden vivia há alguns anos naquela moradia, a cerca de três quilómetros da Academia Militar do Paquistão, tendo como vizinho muitos militares na reforma.
"A última informação é que ele estava nesse complexo há cinco ou seis anos e que praticamente não interagia com pessoas de fora, mas parecia estar muito activo dentro do complexo", disse o o conselheiro para a Luta Anti-terrorista da Casa Branca, John Brenna, no programa de TV "Early Show", da CBS.
"Sabemos que divulgou vídeos e áudios. Sabemos que estava em contacto com algumas altas autoridades da al Qaeda," acrescentou John Brennan.
"Agora estamos a tentar é entender no que bin Laden esteve envolvido nos últimos anos, a explorar qualquer informação que conseguirmos no complexo e usar essa informação e continuar os nossos esforços para destruir a al Qaeda", frisou o conselheiro, que nas horas seguintes à operação que liquidou o terrorista questionou os serviços secretos paquistaneses.
O conselheiro para a Luta Anti-terrorista da Casa Branca afirmou que era "inconcebível" que bin Laden não tivesse um "sistema de apoio" no Paquistão, numa alusão velada ao aparelho de segurança paquistanês.
"Isso é totalmente falso. Infelizmente não conhecíamos o seu paradeiro. Se soubéssemos, tínhamo-lo capturado antes", assegurou um responsável da principal agência de serviços secretos paquistanesa (ISI), numa alusão à operação das forças dos Estados Unidos da qual resultou a morte de Osama bin Laden na cidade de Abbottabad, perto de Islamabade.
A ISI confirmou, terça-feira, que "partilhou" informações com os Estados Unidos sobre Osama bin Laden, mas negou a participação de forças paquistanesas na operação que acabou com a morte do líder da al Qaeda.
Em declarações à EFE, um alto responsável da ISI sustentou que a colaboração em matéria de informações secretas foi o único papel assumido pelo Paquistão na operação de captura, sem precisar se foi decisiva para lançar o ataque ou para conhecer o paradeiro de bin Laden.
"O presidente [dos Estados Unidos, Barack] Obama referiu-a [à colaboração do Paquistão] na declaração. Disse que o Paquistão tinha sido um factor instrumental na partilha de informação. Ficou-se por aí a nossa cooperação", assegurou a fonte, que pediu para não ser identificada.
O responsável da ISI insistiu que não houve uma "participação física" do Paquistão, apenas troca de informações.
Mesmo assim, o responsável precisou que não podia dar pormenores sobre se os Estados Unidos actuaram a partir de informações disponibilizadas pelo Paquistão ou a partir de informações próprias, hipótese avançada por fontes norte-americanas.