A Polónia manifestou esta sexta-feira a sua oposição a um futuro sistema de quotas fixas para a distribuição obrigatória de refugiados pelos países da União Europeia, admitindo, porém, estar disponível para acolher migrantes de forma voluntária.
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"Não estamos a dizer que não vamos acolher migrantes. Estamos a dizer que queremos fazer uma oferta credível e, como outros parceiros europeus, sou a favor de decisões voluntárias nesta matéria", afirmou a primeira-ministra polaca, Ewa Kopacz, em declarações em Varsóvia.
Ainda na capital polaca, Ewa Kopacz recordou que a Polónia tem beneficiado nos últimos anos da solidariedade europeia, sublinhando que atualmente "tal solidariedade é indispensável para aqueles que procuram refúgio e que por vezes morrem no Mediterrâneo, que se transformou no maior cemitério marítimo".
A Polónia junta-se assim a outros países da Europa central e de leste que não concordam com o plano proposto pela Comissão Europeia.
República Checa, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia e Eslováquia opõem-se ao sistema de quotas fixas, mas todos manifestaram disponibilidade para receber refugiados numa base voluntária.
"Na minha opinião, não existe base legal na UE para introduzir tais quotas", declarou o primeiro-ministro checo, Bohuslav Sobotka.
"O Conselho Europeu chegou a acordo sobre o facto de que qualquer decisão dos países-membros sobre migrantes deve ser voluntária, por isso recuso a política de quotas como um princípio", acrescentou, por sua vez, o chefe do Governo eslovaco, Robert Fico.
Na qualidade de maior país da Europa central, a Polónia pode ter de receber 5,64% do total de refugiados, no âmbito do mecanismo de emergência europeu, enquanto a pequena Estónia será convidada a receber 1,76%, menos que os 3,89% atribuídos a Portugal.
O Reino Unido, que já criticou fortemente o plano, a Irlanda e a Dinamarca poderão ficar de fora do sistema de quotas, ao abrigo de direitos negociados em relação aos tratados, segundo reconheceu esta semana a Comissão Europeia.
A agenda europeia da migração, que integra este sistema de quotas, foi apresentada na quarta-feira pela Comissão Europeia em Bruxelas. A proposta será discutida pelos ministros da Administração Interna da UE a 15 de junho, sendo depois apresentada nesse mesmo mês aos líderes europeus numa cimeira em Bruxelas.
De acordo com dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), datados de 07 de maio, mais de 34.500 migrantes chegaram ao território italiano durante este ano. Cerca de 1.770 morreram ou desapareceram no mar, o que representa mais de metade das cerca de 3.300 vítimas mortais registadas em 2014.