O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu início à sua tão sonhada parada militar em Washington, no dia do seu 79.º aniversário, neste sábado, enquanto dezenas de milhares de manifestantes se reuniam em todo o país para o apelidar de ditador.
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Trump fez continência depois de subir a um enorme palco em frente à Casa Branca, com dois enormes tanques estacionados nas proximidades, enquanto uma salva de 21 tiros soava e o hino nacional tocava.
O desfile, que assinala oficialmente o 250.º aniversário do exército norte-americano, mas que coincide também com o aniversário de Trump, inclui tanques, um sobrevoo da Força Aérea e cerca de 7000 soldados a marchar.
Mas as profundas divisões políticas nos Estados Unidos foram sublinhadas quando os manifestantes “No Kings” (Sem Reis) saíram à rua em cidades como Nova Iorque, Los Angeles, Washington, Houston e Atlanta.
O assassinato de uma legisladora democrata e do seu marido no Minnesota também ensombrou o desfile.
Trump condenou rapidamente os ataques nos arredores de Minneapolis, nos quais a antiga deputada estadual Melissa Hortman morreu juntamente com o marido, enquanto outro deputado estadual e a sua mulher foram hospitalizados com ferimentos de bala.
Os manifestantes do “No Kings” protestavam contra o que chamam um excesso ditatorial de Trump e, em particular, contra o que consideram ser um simbolismo de homem forte do maior desfile em Washington em décadas.
“Acho que é nojento”, disse à AFP a manifestante Sarah Hargrave, 42 anos, num protesto no subúrbio de Bethesda, em Washington, descrevendo o desfile de Trump como uma “demonstração de autoritarismo”.
O republicano Trump, que iniciou o seu segundo mandato elevando os poderes presidenciais a níveis sem precedentes, vangloriou-se anteriormente na sua rede social Truth que era um “grande dia para a América!!!”.
Acrescentou ainda que o homem forte russo, Vladimir Putin, por quem manifestou repetidamente a sua admiração, lhe tinha telefonado “muito gentilmente” para lhe desejar um feliz aniversário.
Os dois líderes também concordaram com a necessidade de pôr fim ao conflito Irão-Israel - uma guerra em que as forças americanas estão a ajudar Israel a abater os mísseis de Teerão.
Violência política
Os organizadores do protesto “No Kings” esperavam a participação de milhões de pessoas em 1.500 cidades do país.
Alguns manifestantes tiveram como alvo a propriedade de Trump em Mar-a-Lago, em Palm Beach, Flórida - enquanto um pequeno grupo chegou a reunir-se em Paris.
Milhares de pessoas compareceram em Los Angeles para protestar contra o envio de tropas por Trump para a segunda maior cidade do país, na sequência de confrontos provocados por rusgas de imigração.
A Casa Branca rejeitou as manifestações.
Os chamados protestos “No Kings” foram um fracasso total e absoluto, com uma participação minúscula", disse o diretor de comunicação da Casa Branca, Steven Cheung, num post no X, apesar das fotos de grandes multidões em várias cidades.
Trump tinha prometido usar “muita força” se os manifestantes tentassem perturbar o desfile do exército em Washington.
45 milhões de dólares
A parada militar é a maior em Washington desde o fim da Guerra do Golfo em 1991, estimada pelo exército em 45 milhões de dólares (cerca de 39 milhões de euros).
Trump tem estado obcecado com a realização de um desfile desde o seu primeiro mandato como presidente, quando participou no desfile anual do Dia da Bastilha em Paris, a convite do Presidente Emmanuel Macron.
Os críticos acusaram Trump de agir como os autocratas de Moscovo ou Pyongyang.
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, que criticou Trump por ter enviado tropas da Guarda Nacional para Los Angeles sem o seu consentimento, chamou-lhe uma "demonstração vulgar de fraqueza".