Cinco atentados terroristas mataram pelo menos 34 pessoas, no Iraque, esta quinta-feira, e provocaram mais de 100 feridos. O Ministério do Interior já assegurou que não vai permitir que a al-Qaeda transforme o Iraque numa segunda Síria.
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Os atentados registados esta quinta-feira, aparentemente coordenados, surgem na sequência do apelo lançado pelo primeiro-ministro Nouri al-Maliki, na quarta-feira, para pôr fim à espiral de violência que tem perturbado o Iraque.
De acordo com informações avançadas pela France Presse (AFP), as forças de segurança realizaram, nas últimas semanas, vastas operações que se concentraram em militantes iraquianos mas que não conseguiram conter a atual onda de violência, considerada a pior dos últimos cinco anos.
Esta quinta-feira, o ataque mais mortífero aconteceu na estação de autocarros de Kadhimiyah, a norte de Bagdade, depois da explosão de um carro-bomba. O atentado matou sete pessoas e deixou 24 feridas. Em Baladiyat, perto das instalações da estação televisiva Al-Ahad, explodiu um outro carro armadilhado.
"Estacionei o meu carro e, de repente, a explosão aconteceu", contou Haitham Khalaf, um taxista de 38 anos. "Fiquei inconsciente e ficou tudo confuso. Só ouvi a explosão, era uma grande explosão", acrescentou.
Os atentados ainda não foram reivindicados, embora grupos armados sunitas, incluindo aqueles ligados à al-Qaeda, estejam por de trás de ataques semelhantes a membros da comunidade xiita maioritária no país.
No sábado passado, morreram também 74 pessoas nos atentados reivindicados pelo grupo "Estado Islâmico do Iraque e do Levante" (EIIL), ligado à al-Qaeda.
Emergência de novos conflitos sectários
Desde o início do ano que uma nova onda de violência tem tomado conta do Iraque. Os atentados, registados quase todos os dias, resultam especialmente da explosão de carros-bomba.
Por detrás dos atentados encontram-se grupos sunitas muçulmanos, incluindo a al-Qaeda, que se opõe ao primeiro-ministro iraquiano Nouri Al-Maliki, da corrente religiosa xiita. Os atentados têm aumentado o medo de que regressem os conflitos entre sunitas e xiitas, tal como os que marcaram o país em 2006 e 2007.
"É o nosso destino ganhar esta batalha, que tem como fim destruir o país e transformá-lo numa outra Síria", explicou o Ministro do Interior. Na Síria, rebeldes sunitas têm lutado, há mais de dois anos, com o objetivo de derrubar o presidente sírio Bashar Al-assad, apoiado também por uma minoria xiita.
"As ruas do Iraque têm-se tornado um campo de batalha para as pessoas sectárias motivadas por ódio e princípios religiosos que ousam matar pessoas inocentes", afirmou o Ministro do Interior, em referência à situação no país.
Os atentados registados esta quinta-feira surgem depois do primeiro-ministro do Iraque ter anunciado, na quarta-feira, novas operações das forças de segurança com o objetivo de capturar os responsáveis pelos ataques.
"A caça aos terroristas e aos que estão por trás deles vai continuar até que o nosso povo esteja protegido", disse Maliki, em declarações transmitidas pela televisão estatal do Iraque.
O primeiro-ministro afirmou, na mesma ocasião, que mais de 800 alegados militantes de grupos armados já foram detidos e dezenas de outros foram mortos, no âmbito das operações para tentar pôr fim à violência no país, que já causou, este ano, mais de 3450 mortes.
Maliki disse ainda que as forças de segurança já destruíram infraestruturas, usadas pelos grupos armados, para preparar carros-bombas. Foi também apreendida uma grande quantidade de armas e de explosivos.
Nas últimas semanas, Bagdade já tem sido alvo das várias operações coordenadas pelas forças de segurança, após centenas de prisioneiros, incluindo os líderes do grupo terrorista al-Qaeda, terem fugido de num ataque prisional, em julho, que foi reivindicado por um grupo extremista.