Investida de Moscovo com dois mísseis balísticos atingiu instituto militar na cidade ucraniana. “A escumalha russa será, sem dúvida, responsabilizada por este ataque”, garantiu Zelensky.
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Num dos ataques mais mortíferos do ano na Ucrânia, as forças de Moscovo atingiram hoje, com dois mísseis balísticos, o Instituto Militar de Comunicações da cidade de Poltava, a sudeste de Kiev, provocando pelo menos 50 mortos e 271 feridos, segundo o serviço de emergência ucraniano. Debaixo dos escombros poderão estar ainda 15 vítimas da ofensiva, de acordo com o governador regional, Filip Pronin.
“O Comando das Forças Terrestres está a conduzir uma investigação para determinar se foi feito o suficiente para proteger a vida e a saúde dos soldados nas instalações”, refere um comunicado das Forças Terrestres ucranianas, que não especificaram quantas das vítimas eram militares ou civis.
Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, o uso de mísseis balísticos – que atingem os alvos poucos minutos após o lançamento – impediu as vítimas de encontrarem cobertura após o soar da sirenes de ataque aéreo.
“Um dos edifícios do instituto foi parcialmente destruído e muitas pessoas ficaram presas sob os escombros. Graças ao trabalho coordenado das equipas de socorro e dos médicos, foram resgatadas 25 pessoas, 11 das quais foram retiradas dos escombros”, escreveu o Ministério da Defesa na rede social Telegram.
Segundo o porta-voz da tutela, Dmytro Lazutkin, as aulas no instituto estavam a decorrer no momento do ataque. O alarme soou às 09.08 horas locais, levando as pessoas a correr para o abrigo. “Poucos minutos depois do alerta aéreo, soaram explosões”, descreveu Lazutkin.
Reiterada súplica aos aliados
“Ordenei uma investigação completa e imediata de todas as circunstâncias do sucedido”, disse hoje o presidente ucraniano, em mensagem gravada em vídeo. Volodymyr Zelensky, que prometeu retaliar, voltou a suplicar aos aliados ocidentais por um reforço no fornecimento de sistemas de defesa aérea e de mísseis, e pela permissão para usar o armamento, por eles cedido, em ataques de longo alcance contra território russo, para proteger a Ucrânia. “A escumalha russa será, sem dúvida, responsabilizada por este ataque. E mais uma vez, apelamos a todos os que têm o poder no mundo para acabar com este terror: sistemas de defesa aérea e mísseis são necessários na Ucrânia, e não num armazém algures. Ataques de longo alcance que nos possam defender contra o terror russo são necessários agora, e não mais tarde. Cada dia de atraso, infelizmente, significa mais vidas perdidas. Memória eterna para todos aqueles cujas vidas foram ceifadas pela Rússia!”, pode ler-se na mensagem igualmente reproduzida na página oficial da Presidência ucraniana.
“Esta é uma tragédia impressionante para toda a Ucrânia. O inimigo atingiu uma instituição de ensino e um hospital”, escreveu a primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska, na rede X.
Em Poltava, a cerca de 320 quilómetros a sudeste de Kiev e a 120 quilómetros da fronteira com a Rússia, cerca de 150 residentes apressaram-se a doar sangue para os feridos, segundo o governador Filip Pronin. Três dias de luto foram decretados pelas autoridades locais.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, condenou o ataque a Poltava, ao qual se referiu como “mais um horrível lembrete da brutalidade de Putin para com o povo da Ucrânia”, enquanto a Casa Branca prometeu que mais ajuda militar será enviada para a Ucrânia nas próximas semanas.