O presidente do Iémen, Ali Abdallah Saleh, que no sábado concordou em deixar o poder dentro de um mês, tem a unificação do país em 1990 como o seu maior feito em 32 anos.
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Nascido em Março de 1942 na tribo Sanhan (membro da poderosa confederação Hached), Ali Abdallah Saleh alista-se nas forças armadas aos 16 anos e quatro anos depois está na liderança do golpe de Estado que afasta de Sanaa o último imã, instaurando a República Árabe do Iémen.
Em 1978 alcança a patente de tenente-coronel e é escolhido por uma assembleia constituinte como substituto do presidente norte-iemenita Ahmad al-Ghachmi, assassinado num atentado organizado pelo Sul.
Controladas pelos britânicos até 1967, as províncias do Sul formam depois uma república com capital em Aden.
Na presidência, Saleh rodeia-se de familiares, entre os quais os irmãos, que nomeia para postos chave do aparelho militar e de segurança.
Apoia-se ainda no partido governamental Congresso Geral do Povo (CPG) e não esquece as estruturas tradicionais do país, integrando os xeques das tribos no Estado.
Em 1990 é conseguida a reunificação com o Sul e, no mesmo ano, Ali Abdallah Saleh torna-se o primeiro Presidente do Iémen unificado.
Desde essa altura organizou três eleições legislativas e duas presidenciais que venceu facilmente, em 1999 e em 2006, quando foi reeleito para um mandato que expira em 2013.
Casado e com sete filhos, Saleh é membro da comunidade zaidita, uma seita xiita que representa cerca de 30% da população do Iémen, maioritariamente sunita.
Considerado um pragmático, enfrentou os seguidores de Usama bin Laden no Iémen tornando-se aliado dos Estados Unidos e beneficiário de uma ajuda de 150 milhões de dólares (106 milhões de euros) por ano.
Cada vez mais isolado face à contestação popular, que ganhou força após a morte, no passado dia 18, de 52 manifestantes em Sanaa, Ali Abdallah Saleh declarou-se disposto a abandonar o poder antes do final do ano, após a realização de eleições parlamentares.
O anúncio, poucas horas depois de o presidente ter alertado contra os riscos de uma guerra civil no Iémen e alguns dias após ter decretado o estado de emergência, não satisfez os opositores, que continuaram a exigir a sua saída.
Sábado, partido presidencial no Iémen, o Congresso Popular Geral, aceitou a sua saída, no prazo de um mês, acolhendo uma proposta nesse sentido dos países do Conselho de Cooperação do Golfo.
O Conselho propôs a formação de um governo de união nacional, a transferência dos poderes do chefe de Estado para o vice-presidente e o fim das manifestações, proposta que foi aprovada pela oposição no Iémen, mas que não agrada aos movimentos que contestam o regime nas ruas que exigem a partida imediata de Saleh.