"Todos os passageiros e tripulações das duas companhias aéreas envolvidas foram dados como mortos", podia ler-se na edição de 12 de setembro de 2001.
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Sem destaque para mais nenhuma notícia, a primeira página do JN, no dia a seguir ao atentado terrorista do 11 de setembro, foi totalmente dedicada àquele que ficou conhecido como o acontecimento do século XXI que mudou o Mundo. "Pesadelo em Nova Iorque... E agora?", podia ler-se na segunda edição diária, na qual sobressaía uma imagem que espelhava o cenário de destruição que emergiu na cidade norte-americana.
Às 8.56 (hora local) daquela terça-feira, o primeiro avião embateu contra a torre Norte do World Trade Center. Dezoito minutos depois, o segundo avião chocou na torre Sul e, por fim, às 9.45, um outro despenhou-se próximo do Pentágono. A sucessão de ocorrências - descritas no interior do jornal como "os ataques mais sangrentos em solo americano" - levou o então presidente dos EUA, George W. Bush, a declarar que "aparentemente" se tinha tratado "de atos terroristas" - o que se viria a confirmar mais tarde.
"Todos os passageiros e tripulações das duas companhias aéreas envolvidas foram dados como mortos", informava a edição, sem detalhar o número de óbitos que resultaram dos episódios. Só alguns dias depois, as autoridades de Nova Iorque deram a conhecer o número de vítimas mortais - um total de 2996 -, o que incluía ainda os terroristas a bordo, pessoas que estavam no interior dos edifícios atingidos, bem como indivíduos que se encontravam nas imediações dos locais.
Tendo em conta a dimensão do acontecimento, o JN comparou-o com o ataque militar perpetrado pelo Japão contra os EUA, em 1941. "Novo Pearl Harbour na alma americana", contrapunha o jornal, ao lembrar que, desta vez, a investida também se tinha desenrolado "de surpresa", deixando "o orgulho americano muito maltratado".
Em menos de uma hora, os ataques, que tiveram como um dos grandes responsáveis Osama bin Laden, geraram graves consequências no que toca à geopolítica internacional. Os EUA - que se tornaram os "polícias do Mundo" - viram-se obrigados a endurecer as medidas de segurança no país e iniciaram uma ofensiva com o objetivo de exterminar os talibãs. Deu-se início à Guerra do Afeganistão, com vista à captura do líder da Al-Qaeda. O propósito foi, anos mais tarde, concretizado, mas o Afeganistão nunca se estabilizou. Quase 20 anos volvidos, em agosto de 2021, a Administração de Joe Biden concluiu a retirada das tropas norte-americanas de território afegão e o grupo fundamentalista islâmico voltou a assumir as rédeas do Estado