Ao 24.º dia da invasão russa na Ucrânia, entra em cena um novo protagonista que eleva a guerra para outro nível: mísseis supersónicos. Enquanto isso, o líder ucraniano volta a pedir conversações sérias e a ONU aponta para o colapso do sistema alimentar. No meio do terrível, uma notícia menos má: Kiev e Moscovo acordaram a criação de dez corredores humanitários para a retirada de civis.
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- O Ministério da Defesa russo informou, este sábado, ter usado mísseis ar-terra hipersónicos para destruir um depósito de armas subterrâneo na base aérea de Mykolaiv, no leste da Ucrânia, na sexta-feira. De acordo com Moscovo, o míssil Kinjal é altamente manobrável e desafia todos os sistemas de defesa antiaérea, e, segundo a agência de notícias AFP, nunca antes tinha sido usado. Leia mais aqui sobre "a arma do futuro".
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- Na sequência do ataque à base aérea de Mykolaiv, pelo menos 50 pessoas morreram, disse um socorrista no local, citado pela agência francesa de notícias AFP, acrescentando que estariam mais de 200 militares na base no momento do ataque e que o número de pessoas que se encontram sob os escombros é incerto. De acordo com a BBC, 57 feridos foram transportados para três hospitais.
- As sirenes de alerta de ataques aéreos voltaram a ecoar na cidade de Lviv este sábado.
- O presidente ucraniano apelou, na sexta-feira à noite, à realização de conversações "significativas e justas" de paz e segurança com Moscovo, "sem demora". "Esta é a única oportunidade de a Rússia reduzir os danos dos seus próprios erros", disse Volodymyr Zelensky num vídeo publicado no Facebook. "É tempo de nos encontrarmos, é tempo de falarmos, é tempo de restaurarmos a integridade territorial e a justiça para a Ucrânia", acrescentou, argumentando que, de outro modo, "as perdas para a Rússia vão ser tais que serão precisas várias gerações para que recupere".
- As agências e associações de ajuda humanitária estão a ser impedidas de chegar a pessoas retidas em cidades ucranianas cercadas por forças russas, denunciou o Programa Mundial de Alimentos, o braço de assistência alimentar das Nações Unidas e a maior organização humanitária do mundo no que diz respeito ao fornecimento de alimentos. O secretário-geral das Nações Unidas apelou a que se evite o colapso do sistema alimentar global. "A guerra na Ucrânia já está a interromper as cadeias de distribuição e a fazer os preços dos combustíveis, alimentos e transporte dispararem", escreveu António Guterres, no Twitter.
- Kiev e Moscovo acordaram a criação de dez corredores humanitários para a retirada de cidadãos, anunciou a vice-primeira-ministra ucraniana. O acordo prevê um corredor humanitário na cidade portuária de Mariupol, sitiada pelas forças russas e outros nas regiões de Kiev e Lugansk (no leste). Numa mensagem em vídeo, Iryna Vereshchuk anunciou ainda planos para fazer chegar ajuda humanitária à cidade portuária de Kherson (sul), sob controlo das forças russas.
- A Polónia propôs que a União Europeia implemente uma proibição total do comércio com a Rússia, disse o primeiro-ministro do país, Mateusz Morawiecki.
Balanço
- Vítimas: A guerra na Ucrânia provocou, até ao final do dia de sexta-feira, pelo menos 847 mortos e 1399 feridos entre a população civil, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que contabiliza mais 64 crianças mortas e 78 feridas. A agência da ONU acredita, no entanto, que os números reais de baixas civis, incluindo crianças, "são consideravelmente mais elevados, especialmente em território controlado pelo Governo" ucraniano, mais sujeito à ofensiva russa.
- Refugiados: Mais de 3,3 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde o início da guerra, de acordo com dados revelados hoje pelo Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, que dá conta de mais 58 030 ucranianos refugiados face ao número divulgado na sexta-feira. Cerca de 90% dos que fugiram são mulheres e crianças - os homens com idades compreendidas entre os 18 e os 60 anos não podem sair do país porque podem ser mobilizados para o combate. Além dos cidadãos que abandonaram o país, cerca de 6,5 milhões estão deslocadas internamente.
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