Portuguesa na Suíça esteve em greve de fome contra seguradora que lhe retirou apoio
Portuguesa sofreu um acidente em março do ano passado. Empresa só pagou durante cinco meses.
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A portuguesa Daniela Pinto, de 28 anos, esteve em greve de fome em frente à seguradora Suva, em Zurique, na Suíça, reclamando que lhe seja pago o seguro devido a um acidente de trabalho. Segundo relatou ao JN, em março do ano passado estava a "limpar uma escadaria" quando caiu, tendo-se magoado num ombro e perna.
Os problemas foram-se agravando e a portuguesa encetou tratamentos até que, em agosto, a empresa na qual tinha o seguro de trabalho, a Suva, notificou-a que não suportaria mais custos. "Disseram que os problemas poderiam ser de causas naturais e não havia provas de que era do acidente, pelo que se punham de fora", contou. Daniela Pinto recorreu, pois até então "nunca tinha tido problemas de saúde" como aqueles. Em novembro, enquanto aguardava uma decisão, foi operada à coluna.
Quando questionava a empresa sobre a situação, recebia cartas, nas quais lhe pediam "paciência e compreensão", mas, sem rendimentos e sem uma decisão, decidiu avançar para uma greve de fome.
O protesto, em frente à seguradora, começou no passado dia 21 e foi interrompido para uma reunião com elementos da empresa. No encontro, conta Daniela Pinto, disseram: "Não tem direito e não a seguramos mais, mas vamos dar-lhe o mês de setembro de boa-fé". Insatisfeita, a portuguesa exige que lhe paguem pelo menos até dezembro, pois só agora foi rompida definitivamente a ligação com a seguradora, e retomou a greve. Se a decisão não se inverter, irá recorrer "para tribunal", assegura. A greve terminou entretanto, mas o protesto continua.
A história tem sido partilhada pela portuguesa junto de quem lhe vai prestar solidariedade ao local e no grupo de Facebook "Vidas Destroçadas". Segundo Daniela, "há muitas pessoas na mesma situação, que ficam sem apoio ao fim de alguns meses".
Ao JN, a Suva adianta que a lei de proteção de dados não permite fornecer informações sobre o caso concreto. Adianta, contudo, que qualquer segurado que discorde de uma decisão de uma seguradora pode contesta-la e o processo será reexaminado. Se a discordância se mantiver, poderá seguir para tribunal.
Consulado acompanha caso
O Ministério dos Negócios Estrangeiros garante que a situação "tem sido acompanhada de forma próxima pelo Consulado-Geral de Portugal em Zurique". Este consulado "dirigiu uma missiva ao Fundo Nacional de Seguro de Acidentes da Suíça a solicitar que fosse transmitida uma resposta à cidadã nacional".
Este será um "caso pontual", diz o MNE, salientando que o Cônsul-Geral de Portugal em Zurique já reuniu com "o grupo intitulado "Vidas Destroçadas", que esta cidadã nacional integra".