O presidente argentino, Mauricio Macri, afirmou, esta quinta-feira, que não fez nenhuma "omissão maliciosa" das suas declarações de patrimónios obrigatórios como funcionário público, depois de a denúncia internacional 'Papéis do Panamá' revelar os seus interesses financeiros offshore.
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"Eu não recebi nenhum pagamento por ser diretor [de empresas offshore]. Amanhã vou-me apresentar ao tribunal com toda a informação necessária para o juiz verificar que tudo o que eu fiz foi correto", disse o presidente, em declarações à televisão.
A negação de qualquer transgressão por parte do presidente surgiu depois de um procurador federal abrir uma investigação das suas finanças.
A denúncia foi feita no seguimento do escândalo desencadeado pelo caso que ficou conhecido por 'Papéis do Panamá', onde Macri é mencionado como diretor da empresa Fleg Trading Ltd, com sede nas Bahamas, uma empresa que não consta nos seus depoimentos.
O Governo do Panamá informou hoje que executará "com a maior rapidez possível" o processo de avaliação dos seus sistemas financeiro e fiscal, o pilar da estratégia para fazer frente aos Papéis do Panamá.
A vice-presidente e ministra das Relações Exteriores do Panamá, Isabel De Saint Malo, é responsável pela criação de um comité de especialistas locais e internacionais que irão trabalhar para "avaliar as práticas" financeira e fiscal, o que vai ser a sua "prioridade nas próximas semanas, meses", disse hoje a vice-presidente.
"Esta comissão irá avaliar as nossas práticas e garantir que cumprimos as normas" que o país aprovou para tornar mais "transparente" o seu centro financeiro internacional, um setor que, juntamente com a logística e o turismo, fundamentam a economia em expansão do Panamá, acrescentou.
A partir dos 'Papéis do Panamá' ('Panama Papers', em inglês) como já são conhecidos, a investigação refere que milhares de empresas foram criadas em 'offshores' e paraísos fiscais para centenas de pessoas administrarem o seu património, entre eles o rei da Arábia Saudita, elementos próximos do Presidente russo Vladimir Putin, o presidente da UEFA, Michel Platini, e a irmã do rei Juan Carlos e tia do rei Felipe VI de Espanha, Pilar de Borbón.