Vinda de uma democracia da qual se pode dizer que é das mais perfeitas, a reeleição de um presidente por 92,2% dos votos é, no mínimo, notável.
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O resultado, mais à moda de uma ditadura, era, contudo, previsível E até já aconteceu na Islândia, com a reeleição da primeira mulher presidente no mundo, Vigdís Finnbogadóttir, com 94,6%. O independente Gudni Johansesson vai manter-se mais quatro anos em Bessastadir, a casa branca islandesa. O adversário populista Gudmundur Franklin Jonsson apregoava o aumento do poder do presidente e dos referendos. Numa ilha parlamentarista, deram-lhe 7,8% da razão.
A ida às urnas, no sábado, contou 66,9% dos eleitores (168 821 em 252 217), uma afluência mais baixa do aquando da eleição de Johannesson, em 2016 (75,5%). Não obstante, o antigo professor universitário de História disse-se "honrado e orgulhoso", porque se provou que os islandeses "aprovaram" o seu "conceito" de presidência. Foi parabenizado pelo opositor, que admitiu nunca ter almejado sequer, um resultado de dois dígitos.
Johannesson, de 52 anos, conquistou a ilha de 365 mil habitantes pela forma consensual como desempenhou o cargo, que é sobretudo protocolar com uma exceção: o poder de vetar legislação e submetê-la a referendo. Era esse direito constitucional que Jonsson, empresário de 56 anos com ativos na Dinamarca e passado em Wall Street, queria ampliar. Até hoje, só o antecessor do atual inquilino de Bessastadir, o conservador e conflituoso Ólafur Ragnar Grimsson, usara dessa prerrogativa três vezes, na ressaca do resgate financeiro de 2008.