Os presidentes da União Europeia querem um "divórcio" do Reino Unido o mais rapidamente possível "por muito doloroso que seja o processo", segundo um comunicado divulgado esta sexta-feira.
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"Esperamos agora que o Reino Unido dê cumprimento à decisão do povo britânico o mais rapidamente possível, por muito doloroso que o processo possa ser", sustentam os presidentes da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, do Conselho Europeu, Donald Tusk, do Parlamento Europeu, Martin Schulz, e da presidência rotativa holandesa da UE, Mark Rutter.
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O comunicado salienta ainda que "qualquer atraso só prolongaria desnecessariamente a incerteza", estando os líderes "prontos para iniciar as negociações rapidamente com o Reino Unido sobre os termos e condições da sua retirada da União Europeia".
"Esperamos agora que o Reino Unido dê cumprimento à decisão do povo britânico o mais rapidamente possível, por muito doloroso que o processo possa ser"
Os quatro presidentes lembram ainda que o artigo 50.º do Tratado de Lisboa estipula o procedimento a seguir se um Estado-membro decidir sair da União Europeia (UE).
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No que respeita ao futuro, os signatários esperam que o Reino Unido venha a ser "um parceiro próximo" da UE, sublinhando aguardarem propostas de Londres neste aspeto.
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"Qualquer acordo que venha a ser concluído com o Reino Unido enquanto país terceiro terá que refletir os interesses de ambas as partes e ser equilibrado em termos de direitos e obrigações", referem ainda Juncker, Tusk, Schulz e Rutter.
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"Num processo livre e democrático, o povo britânico expressou o seu desejo de sair da União Europeia. Lamentamos esta decisão mas respeitamo-la", salientam os quatro presidentes.
Juncker conclui conferência de imprensa ao ser questionado sobre fim da UE
O presidente da Comissão Europeia deu por terminada a curta conferência de imprensa sobre o resultado do referendo no Reino Unido ao ser questionado sobre se a saída decidida pelos britânicos representa "o princípio do fim da União Europeia".
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Numa conferência de imprensa muito aguardada na sede do executivo comunitário, em Bruxelas, com a sala de imprensa da Comissão totalmente lotada, Jean-Claude Juncker começou por ler a declaração conjunta disponibilizando-se de seguida para responder a duas questões, mas acabou por "virar costas" à segunda.
Questionado em primeiro lugar sobre o que espera agora do chamado "motor franco-alemão" - com a saída do Reino Unido, Alemanha e França assumem-se definitivamente como as capitais com maior "peso" no seio da União -, Juncker limitou-se a dizer que espera "uma tomada de posição muito clara", pois a indefinição não se pode prolongar.
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"Que seja claro e evidente para todos que o processo de incerteza no qual entrámos não durará muito tempo. Há que acelerar as coisas", disse, reforçando a ideia da declaração conjunta dos presidentes das instituições europeias.
À segunda questão, sobre se a saída do Reino Unido não representaria "o princípio do fim da UE", o presidente da Comissão respondeu simplesmente "obrigado" ("thank you"), abandonando a sala de imprensa da Comissão ovacionado, sobretudo pelos muitos funcionários que também marcaram presença.
Taxa de participação no referendo foi de 72,2%
Os eleitores britânicos decidiram que o Reino Unido vai sair a União Europeia, depois de o Brexit ter conquistado 51,9% dos votos no referendo de quinta-feira, cuja taxa de participação foi de 72,2%.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou já a intenção de se demitir em outubro, na sequência deste resultado.
As principais bolsas europeias abriram em forte queda, com a bolsa de Londres a descer perto dos 8%.