O secretário-geral do maior partido da oposição de Espanha, Alfredo Pérez Rubalcaba, exigiu, este domingo, a demissão imediata do primeiro-ministro, Mariano Rajoy, na sequência do "caso Bárcenas".
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De acordo com a agência EFE, Alfredo Pérez Rubacalba acusou o governante de "mentiras", "ausência total de explicações" e de "conivência com um delinquente", numa conferência de imprensa após uma reunião de emergência da direção do partido, depois do jornal "El Mundo" ter divulgado uma troca de mensagens (SMS) entre Marian Rajoy e o ex-tesoureiro do Partido Popular, Luís Bárcenas.
O secretário-geral do PSOE anunciou que o seu partido rompeu "todas as relações com o PP", justificando que não pode negociar com alguém que "está incapacitado para governar Espanha".
Rubalcaba anunciou também que irá ainda hoje contactar os porta-vozes dos restantes partidos com assento parlamentar de forma a encontrar uma "frente comum" e estudar em conjunto que medidas podem adotar, não adiantando se vão ou não avançar com uma moção de censura contra Rajoy.
As mensagens publicadas indiciam que o primeiro-ministro manteve um contacto direto de pelo menos dois anos com Luis Bárcenas, pedindo-lhe silêncio relativamente à contabilidade paralela no partido.
De acordo com o jornal, os SMS foram divulgados pelo próprio antigo tesoureiro, Luís Bárcenas - preso na cadeia madrilena de Soto do Real desde 27 de junho no âmbito do mega processo de corrupção - depois do seu partido se ter referido a ele, na quinta-feira, como um "delinquente que fez da mentira um estilo de vida".
Entre as mensagens publicadas pelo jornal estão também algumas trocadas com Rosária Iglesias, mulher do ex-tesoureiro.
Em 2013, por exemplo, no dia em que o "El Mundo" publicou o esquema de pagamentos ilegais e depois de serem conhecidas as contas suíças, o primeiro-ministro terá escrito a Bárcenas incentivando-o a "ser forte" , expressando-lhe a sua compreensão.
Fontes do Executivo, contactadas pela agência EFE consideram, no entanto, que a divulgação das mensagens de SMS entre Rajoy e Bárcenas fazem parte de uma estratégia do ex-tesoureiro do PP para desviar a atenção dos seus problemas com a Justiça e demonstram que não conseguiu nada do que pedia ao presidente do Executivo.
A secretária-geral do PP, María Dolores de Cospedal, já veio também assegurar que tanto o partido como Mariano Rajoy estão "muito tranquilos" perante o depoimento do ex-tesoureiro, que acontecerá na segunda-feira.
Luís Bárcenas comparecerá na segunda-feira perante o juíz Pablo Ruz, depois do "El Mundo" ter divulgado alegados financiamentos ilegais no PP e publicado documentos que indiciam a existência de uma contabilidade paralela no partido.