Após vários dias de combates, a Rússia anunciou ter tomado a cidade de Mariupol, estando apenas a cercar o complexo industrial Azovstal, onde se escondem militares e civis ucranianos. No mesmo dia, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, falou ao Parlamento português, onde pediu mais ajuda, e recordou o 25 de Abril, dizendo: "Sabem perfeitamente o que estamos a sentir". Os pontos-chave desta quinta-feira:
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- A Rússia anunciou que as tropas russas controlam agora Mariupol, cidade estratégica do leste ucraniano que recusou ultimatos para se render nos últimos dias. Putin decidiu ainda cancelar a ordem de assalto ao complexo industrial Azovstal, reduto da defesa ucraniana em Mariupol, porque um ataque provocaria muitas mortes. Em vez disso, manteve o cerco "para que nem mesmo uma mosca possa escapar". Por sua vez, Kiev assegurou que as forças russas são "fisicamente incapazes" de tomar Azovstal, onde se escondem civis e militares ucranianos. Também o presidente norte-americano, Joe Biden, disse não haver provas das alegações russas. Leia mais aqui.
- O autarca de Mariupol acusou a Rússia de esconder provas dos seus crimes de guerra "bárbaros"ao enterrar os corpos de civis mortos por bombardeamentos numa vala comum. Segundo Vadym Boichenko, camiões russos recolhem cadáveres nas ruas da cidade portuária e transportam-nos para a vila vizinha de Manhush. Depois, são atirados para uma vala comum perto de um antigo cemitério.
- Apenas quatro autocarros com civis conseguiram sair de Mariupol após várias tentativas frustradas. Três chegaram lotados a Zaporíjia. Ainda há cerca de 120 mil pessoas presas na cidade portuária.
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- Volodymyr Zelensky falou por videoconferência no Parlamento português e pediu mais apoio militar, armamento e um reforço ao nível de sanções, incluindo com boicote português a empresas e barcos russos. O ucraniano comparou a guerra no seu país ao 25 de Abril: "O vosso povo vai daqui a nada celebra o aniversário da revolução dos cravos e sabem perfeitamente o que estamos a sentir".
- Os corpos de nove civis foram encontrados em Borodianka, perto de Kiev, alguns mostrando "sinais de tortura". Além disso, há mais de mil corpos de civis atualmente em morgues na região da capital ucraniana.
- Os primeiros-ministros de Espanha e da Dinamarca visitaram Kiev. O espanhol Pedro Sánchez anunciou que Espanha enviou um novo lote de 200 toneladas de equipamento militar para a Ucrânia, incluindo veículos de transporte pesado e munições. Já a dinamarquesa Mette Frederiksen anunciou que o país vai aumentar a sua contribuição de armas para a Ucrânia em 600 milhões de coroas dinamarquesas (cerca de 80 milhões de euros).
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- Os EUA anunciaram mais 735 milhões de euros em assistência militar e 460 milhões de euros em ajuda económica. O país liderado por Joe Biden vai ainda banir navios afiliados à Rússia de portos norte-americanos e possibilitar que cidadãos, empresas e organizações norte-americanas "patrocinem" o acolhimento de ucranianos, num plano que pretende agilizar o compromisso de Biden de acolher 100 mil pessoas.
- O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, falou ao telefone com Zelensky, defendendo uma "saída negociada" para o conflito, e abordou a dependência africana das matérias-primas alimentares provenientes do Leste europeu.
- O Verkhovna Rada, parlamento da Ucrânia, aprovou a extensão da lei marcial no país durante mais 30 dias.
- Dez militares e nove civis foram libertados numa nova troca de prisioneiros com a Rússia. O número de russos entregues a Moscovo não foi revelado.
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- A Rússia não tem ainda uma resposta ao pedido do secretário-geral da ONU, António Guterres, para se reunir em Moscovo com as autoridades do país sobre a situação na Ucrânia. "Esses pedidos chegam através do Ministério dos Negócios Estrangeiros. De momento, não há resposta", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
- A Rússia vai fechar os consulados da Letónia em São Petersburgo e Pskov, assim como o da Estónia nas mesmas cidades e ainda o da Lituânia. O país liderado por Putin adicionou ainda 29 novos cidadãos norte-americanos à sua "lista negra", incluindo a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, e o CEO da Meta, Mark Zuckerberg.
- Os parlamentos da Estónia e da Letónia reconheceram como "genocídio" as ações da Rússia na Ucrânia.
- O ministro da Educação russo anunciou que, no próximo ano letivo, as escolas russas vão ter aulas para explicar os objetivos da operação militar da Rússia na Ucrânia.
Refugiados
- Mais de 600 mil ucranianos deslocaram-se internamente na Ucrânia nas primeiras duas semanas de abril devido ao conflito com a Rússia, elevando o número total de deslocados para mais de 7,7 milhões, anunciou a ONU.