O Presidente russo, Vladimir Putin, rejeitou, esta quinta-feira, as acusações contra o seu círculo mais próximo após as revelações dos "Papéis do Panamá" e acusou os Estados Unidos de envolvimento na divulgação das listas com o objetivo de desestabilizar a Rússia.
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"Que elemento de corrupção? Não existe nenhum", declarou o chefe de Estado no decurso de um fórum público em São Petersburgo, acusando os Estados Unidos de estarem por detrás deste vasto inquérito que revelou importantes práticas financeiras e fiscais opacas de personalidades, chefes de Estado, empresários ou desportistas.
Os jornalistas de investigação membros do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa), com sede em Washington, "passaram a pente fino esses paraísos fiscais mas o vosso humilde servidor não figura", ironizou.
"Então o que fizeram?", perguntou Putin, que se exprimiu pela primeira vez sobre o assunto. "Encontraram centenas dos meus conhecimentos e centenas dos meus amigos" e sugeriram que as suas atividades "continham um elemento de corrupção", prosseguiu, defendendo o seu amigo violoncelista Serguei Roldouguine, um dos alvos dos 'media'.
De momento, o dirigente mais destacado atingido pelo escândalo é o primeiro-ministro islandês, que se demitiu sob a pressão da rua após ser suspeito de envolvimento numa sociedade 'offshore' com sede nas ilhas Virgens britânicas.
Os "Papéis do Panamá" são o resultado da maior investigação jornalística da história e foi divulgada no domingo, pelos membros do ICIJ.
No documento são destacados os nomes de 140 políticos de todo o mundo, entre eles 12 antigos e atuais líderes mundiais.
A investigação resulta de uma fuga de informação e juntou cerca de 11,5 milhões de documentos ligados a quase quatro décadas de atividade da empresa panamiana Mossack Fonseca, especializada na gestão de capitais e de património, com informações sobre mais de 214 mil empresas 'offshore' em mais de 200 países e territórios.
A partir dos "Papéis do Panamá" ('Panama Papers', em inglês), a investigação refere que milhares de empresas foram criadas em 'offshores' e paraísos fiscais para centenas de pessoas administrarem o seu património, incluindo o rei da Arábia Saudita, elementos próximos do Presidente russo Vladimir Putin, o presidente da UEFA, Michel Platini, e a irmã do rei Juan Carlos e tia do rei Felipe VI de Espanha, Pilar de Borbón.