Quando o crime usa inteligência artificial: passam por famosos e lucram com vendas falsas
Modelos de inteligência artificial estão a ser usados por grupos criminosos, no Brasil, que lucram com anúncios falsos, concebidos para enganar vítimas nas redes sociais, manipulando a imagem e voz de pessoas anónimas e celebridades.
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Várias figuras brasileiras conhecidas no país estão a ser alvo do mesmo esquema: veem as suas imagens usadas em anúncios comerciais falsos, fabricados com recurso a inteligência artificial. Em causa estão crimes financeiros e de uso indevido de imagem.
O uso da tecnologia permite aos burlões fazerem-se passar por pessoas famosas, lucrando com anúncios falsos que funcionam como armadilhas na Internet. De acordo com o portal G1, da Globo, os autores destas farsas manipulam a imagem e a voz de celebridades e pessoas anónimas para fabricarem anúncios, que são pagos para serem divulgados e direcionados para públicos específicos.
Os apresentadores Ana Maria Braga e Luciano Huck, o jornalista e pivô William Bonner, o médico Dráuzio Varella e o ator Marcos Mion são algumas das personalidades brasileiras a quem a identidade já foi roubada. De acordo com a imprensa brasileira, os criminosos servem-se da credibilidade das pessoas em causa para enganarem as vítimas.
Em alguns casos, como o de William Bonner, apresentador do Jornal Nacional, da Globo, a fraude é recorrente. "Como jornalista, eu não posso fazer propaganda. Então, são dois riscos enormes. Um é propaganda de produtos: não posso fazer. O outro é propaganda política: porque se usam a inteligência artificial para simular a venda de um produto qualquer, também usam para a venda de um político qualquer. Das duas formas é um crime e das duas formas eu estou a ser lesado", reagiu o jornalista, citado pelo G1.
Bancos também são visados
A fraudes não se ficam pelas celebridades. O Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social também foi visado e, nesse caso, o golpe teve outro detalhe: além de usarem o nome da instituição bancária para cometerem a fraude, os autores do crime mandaram a conta do anúncio falso para o banco. Quando alguém cai na burla, o banco perde credibilidade.
"A pessoa revolta-se, inclusivamente contra o próprio banco. Porque acha que o banco eventualmente poderia ter evitado essa fraude. E nós não temos como evitá-la", justificou o diretor de Compliance e Riscos do banco, Luiz Navarro, acrescentando que a instituição está a recorrer à Justiça para tentar punir estes casos e travar a sua proliferação nas redes sociais.