A Polícia Nacional espanhola desarticulou uma rede de tráfico de material destinado ao programa nuclear do Irão, numa operação que conduziu a duas detenções, segundo informou esta sexta-feira o Ministério do Interior.
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A operação, em que foi implicada uma empresa da localidade de Amurrio, na província basca de Álava, continua a decorrer, tendo sido iniciada em março de 2012 e tendo levado a polícia a intercetar na quarta-feira um camião numa portagem de Durango, na Biscaia.
A carga, propriedade da empresa Fluval Sapain S. L., tinha como destino final o Irão e consistia em 44 válvulas de Inconel 625, material com uma liga com mais de 25% de níquel e 20% de crómio, que lhes permite uma alta resistência à corrosão e as faz especialmente aptas para utilização na indústria nuclear.
A União Europeia proibiu a exportação para o Irão de este tipo de equipamento, perante o grave risco de que este material possa ser desviado para o desenvolvimento do seu programa nuclear.
A Fluval Spain S.L., com sede social no País Basco, utilizava, por sua vez, empresas de fachada nos Emiratos Árabes Unidos para fazer a triangulação dos envios, canalizando os pagamentos através de bancos em países terceiros, segundo as fontes oficiais espanholas.
Desta forma manteve, alegadamente, relações comerciais com entidades iranianas incluídas nas listas elaboradas pela União Europeia pelas suas ligações com o programa nuclear daquele país.
A empresa Fluval já veio, entretanto, negar "rotundamente" ter vendido material destinado ao programa nuclear iraniano e afirmou que "sempre procedeu na sua atividade comercial respeitando as leis internacionais".
A Policia Nacional revistou a empresa situada no Polígono Industrial de Amurrio, na presença de um dos detido, o seu responsável de vendas para os Emiratos Árabes e Irão. O outro dos detidos é um empregado, segundo afirmou o Ministério do Interior.
Fruto desta revista e da do camião a polícia encontrou documentação relativa a exportações para o Irão e faturas bancárias associadas, assim como diversos registos em material informático.
A operação foi levada a cabo com o conhecimento de um juiz e, segundo as autoridades espanholas, só foi possível graças ao "exaustivo" controlo das exportações que tem levado a cabo a Comissaria Geral de Informação em colaboração com a Direcão Adjunta de Vigilância Aduaneira.