Massaya Iliyass e Taghri Tokeye fugiram da violência do Mali para salvar a vida dos seus seis filhos. O que ninguém poderia prever é que Taghri estivesse grávida de quadrigémeos no momento mais difícil das suas vidas.
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Síram da cidade onde viviam no Mali e, apenas com a ajuda de um burro para levar alguns bens, caminharam durante cinco dias e cinco noites no deserto até chegarem ao campo de refugiados de Mbera, na fronteira com a Mauritânia.
À BBC, Massaya disse que "foi um caminho muito longo e cansativo", durante o qual caminharam "o mais devagar possível para evitar o cansaço".
A chegada ao campo de Mbera não animou a família: encontraram 60 mil refugiados com pouca água e pouca comida, a sobreviver com temperaturas a rondar os 50 graus centígrados.
É nesta altura que Taghri descobre que está grávida. E comenta que sente "algo diferente".
Os Médicos Sem Fronteiras realizou uma ecografia e a notícia de uma gravidez de quadrigémeos foi bem recebida por todos. "Em toda a minha vida, nunca me deparei com um caso de quadrigémeos", disse Kasonga Cheride, da equipa médica.
Apesar das condições adversas, os bebés nasceram às 35 semanas, de cesariana, e tudo correu bem. Três meninos e uma menina. Agora, têm que sobreviver. Os 10, num deserto onde tudo falta.
"Não tenho muita esperança no futuro dos meus filhos. No momento, não tenho nada, então não posso esperar nada para o futuro deles", disse Massaya à BBC. "Temos que aceitar que vivemos num campo de refugiados. Nós seguimos em frente", disse Taghri.