Cinco dias antes das bombas terem explodido na maratona de Boston, um relatório identificou a linha da meta como "um espaço de grande vulnerabilidade" e advertiu a polícia local para "ataques de pequena escala" contra os espectadores e os corredores.
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O documento de 18 páginas foi elaborado pelo Centro de Inteligência Regional de Boston, financiado pelo Departamento de Segurança Nacional e que ajuda a difundir a informação de inteligência junto da polícia local e as agências de acção rápida, segundo escreve o Los Angeles Times.
A avaliação tem data de 10 de abril, cinco dias antes do atentado. "Não há informação credível e específica que indique uma ameaça iminente para a prova", lê-se no documento. "O FBI não identificou nenhum delinquente solitário ou grupo extremista que suponha uma ameaça para a maratona de Boston", detalha o relatório.
Depois do atentado, o FBI reconheceu que entrevistou, em 2011, um dos presumíveis autores do ataque, Tamerlan Tsarnaev, mas que chegou à conclusão de que não representava uma ameaça. E apesar de ter tido conhecimento da viagem de Tamerlan à Rússia, em 2012, não o submeterem a um interrogatório adicional no seu regresso.
A informação que o FBI e outras agências dispunham antes do atentado está a ser examinada por uma comissão de Segurança Nacional. "Para dizermos claramente: o nosso sistema de defesa fracassou em Boston", afirmou o ex-senador Joseph I. Lieberman.
Lieberman deu, enquanto senador, os primeiros passos para a criação do Departamento de Segurança Nacional, criada após o atentado de 11 de setembro, em Nova Iorque.
"É imperativo que, enquanto o país recupera, entendamos o que aconteceu, que sinais não vimos e o que é que se pode melhorar", disse o republicano Michael McCaul, presidente da Comissão.
Altos funcionários da polícia de Boston testemunharam que o FBI nunca partilhou com as agências locais que Tasrnaev visitou o Daguestão e que tanto o FBI como a Rússia o tinham referenciado, ante a possibilidade de que ele e o irmão mais novo se converterem ao extremismo.
"Gostávamos de ter tido conhecimento", reconheceu Edward F. Davis III, comissário do Departamento da Polícia de Boston . "Não conhecíamos os dois irmãos e não estávamos a par das suas actividades", acrescentou.
Davis disse, ainda, que ouviu falar dos Tsarnaev três dias depois do atentado, depois Tamerlan morreu num tiroteio com a polícia e Dzhojhar fugiu, para, horas depois, ser detido.