O chefe da diplomacia da Arábia Saudita afirmou, esta sexta-feira, que Riade vai responsabilizar o Irão e retaliar a suposta conspiração para matar o embaixador saudita em Washington.
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Segundo analistas ouvidos pela Agência France Presse, a resposta saudita deverá limitar-se a medidas diplomáticas, nomeadamente um eventual recurso ao Tribunal Penal Internacional.
"Não nos vamos vergar às pressões (do Irão) e vamos pedir-lhes contas por qualquer acção hostil, que a Arábia Saudita ripostará adequadamente", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros saudita, o príncipe Saud al-Faisal, citado por 'media' sauditas.
O ministro, que falava em Viena à margem da inauguração de um centro inter-religioso, qualificou de "ignóbil" a conspiração para matar o embaixador Adel al-Jubeir, um conselheiro próximo do rei Abdullah.
Saud al-Faisal acusou o regime iraniano de "ingerência nos assuntos" dos outros países e de tentar "desestabilizar os Estados", afirmando que Teerão envia "os seus agentes para países árabes" como o Kuwait, o Iraque e o Líbano.
O ministro recusou contudo precisar qualquer medida de retaliação: "Temos de esperar para ver", disse aos jornalistas que lhe perguntaram se tencionava chamar o embaixador saudita em Teerão.
A Arábia Saudita "dispõe de várias opções, diplomáticas e outras, entre as quais uma redução da sua representação diplomática em Teerão", segundo Salman al-Dossari, chefe de redacção do diário económico saudita "Al-Iqtissadiya".
"Não devemos ver na calma da diplomacia saudita um sinal de fraqueza", acrescentou, dizendo-se convencido de que "as acções do Irão vão levá-lo ao Tribunal Penal Internacional".
"As embaixadas do Irão nos países do Golfo são bombas ao retardador onde se tramam conspirações contra esses países", disse ainda Salman al-Dossari, acrescentando "esperar, para os próximos dias, uma escalada iraniana" e um "ênfase na pressões internacionais".
A Arábia Saudita não pode aceitar esta "política beliciosa" de Teerão, considerou o académico saudita Abdallah Qabbaa, acrescentando que Riade poderá "decidir inicialmente um boicote económico ou uma ruptura das relações diplomáticas" com o Irão. Mas, sublinhou, o reino saudita "não se vai afastar da sua política sábia e comedida".
"As opções possíveis apenas permitem medidas políticas e pressões sobre o Irão através das instituições internacionais", disse o analista saudita Abdallah Hamid Eddin, sublinhando que Riade não deve "envolver-se em iniciativas separadas".