Embaixador de Moscovo na ONU avisa que permissão para uso de mísseis de longo alcance contra território russo colocaria os países da Aliança Atlântica como parte na guerra "contra uma potência nuclear".
Corpo do artigo
No dia em que Joe Biden recebe em Washington o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, para discutir o possível levantamento das retrições impostas à Ucrânia no uso de mísseis de longo alcance, por eles fornecidos, contra território russo, o embaixador da Federação Russa foi ao Conselho de Segurança da ONU reiterar a ameaça antes lançada por Vladimir Putin. Vassily Nebenzia avisou que se os aliados de Kiev permitirem que a Ucrânia realize ataques de longo alcance contra a Rússia, os 32 países membros da NATO estariam “a conduzir uma guerra direta com a Rússia”.
“Os factos são que a NATO será parte directa nas hostilidades contra uma potência nuclear, penso que não se deve esquecer disto e pensar nas consequências”, atirou hoje Nebenzia ao conselho composto por 15 membros – cinco permanentes, incluindo a Rússia, e dez não permanentes.
A declaração do diplomata russo surge na sequência de uma outra, proferida esta quinta-feira pelo presidente russo, Vladimir Putin, que elevou o tom da retórica ao avisar que qualquer decisão que permita a Kiev usar esse armamento contra alvos dentro da Rússia significaria que a Aliança Atlântica estaria “em guerra” com Moscovo.
“Isto mudaria de forma significativa a própria natureza do conflito”, disse o líder do Kremlin em declarações à televisão estatal. “Isto significaria que os países da NATO, os EUA, os países europeus, estão em guerra com a Rússia”, declarou, avisando que Moscovo tomará as “decisões apropriadas com base nas ameaças” que enfrentar.
Também o porta-voz do Kremlin declarou hoje que Putin enviou uma mensagem clara ao Ocidente sobre as consequências de permitir que a Ucrânia atinja solo russo, considerando não haver dúvidas de que a mensagem do chefe de Estado chegou a quem se destinava.
Sobre a reunião de hoje em Washington, eventualmente decisiva para o rumo da guerra, entre Biden e Starmer, ainda não são conhecidos resultados, mas a Alemanha já fez saber que mantém a posição de não enviar os seus mísseis de longo alcance, os Taurus, para Kiev.
Em conferência de imprensa, esta sexta-feira, o chanceler alemão, Olaf Scholz foi categórico: “A Alemanha tomou uma decisão clara sobre o que faremos e o que não faremos. Esta decisão não será alterada”.
Também hoje, o porta-voz de Scholz, Steffen Hebestreit, assinalou que “as armas que os EUA e a Grã-Bretanha estão agora a discutir” têm um alcance maior do que o que quer que seja que a Alemanha tenha já fornecido a Kiev. Já o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, afirmou que aquilo com que Washington e Londres concordam “continua a ser da sua conta”.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, anunciou esta sexta-feira novas sanções de Washington a Moscovo devido à sua ação a “minar as democracias”. “Hoje, estamos a impor sanções a três entidades e a dois indivíduos pelas operações secretas de influência global da Rússia, incluindo a interferência na democracia da Moldova e nas suas próximas eleições. As ações que expomos hoje e as ações que expusemos na semana passada não incorporam todo o âmbito dos esforços da Rússia para minar as democracias. Longe disso”, disse Blinken.