O assessor diplomático de Vladimir Putin negou, esta quarta-feira, qualquer conspiração dos líderes russo, chinês e norte-coreano contra os Estados Unidos e atribuiu a alegação feita por Donald Trump a uma ironia do presidente norte-americano.
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O presidente norte-americano pediu nas redes sociais ao homólogo chinês, Xi Jinping, que transmitisse "calorosas saudações" a Putin e ao líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, enquanto "conspiram contra os Estados Unidos" em Pequim.
A mensagem era alusiva à presença de Putin e Kim no desfile dos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) no Pacífico, com Trump a questionar se Xi iria reconhecer o contributo dos Estados Unidos na luta contra o Japão.
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Yuri Ushakov, um dos principais assessores de Putin, observou que Trump "novamente, não sem ironia, disse que os três supostamente preparam uma conspiração" contra Washington.
"Ninguém está a participar numa conspiração, ninguém está a tramar nada, não há conspiração", afirmou à televisão russa VGTRK, segundo a agência noticiosa espanhola Europa Press.
Ushakov disse que "todos compreendem o papel que os Estados Unidos, a Administração de Trump desempenham na atual situação internacional".
"Ninguém tem isso [uma conspiração] em mente. Nenhum destes três líderes tem isso em mente", afirmou, segundo as declarações transcritas pela agência noticiosa russa Interfax.
O assessor de Putin referiu que a preocupação de Trump era se Xi iria mencionar o apoio dado pelos Estados Unidos à China para "conquistar a liberdade contra um invasor estrangeiro muito hostil".
"Muitos americanos morreram na luta da China pela vitória e pela glória. Espero que sejam devidamente honrados e lembrados pela sua coragem e sacrifício", afirmou, antes do discurso de Xi.
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No discurso, Xi não mencionou os Estados Unidos, mas agradeceu o apoio dos países estrangeiros que ajudaram a China na resistência contra a invasão japonesa.
Xi afirmou que "o mundo volta a enfrentar uma escolha entre a paz e a guerra, o diálogo e o confronto" num momento de crescentes tensões geopolíticas e desafios à ordem internacional do pós-guerra.
O líder chinês recordou as vítimas da Segunda Guerra Mundial e apelou à erradicação das causas da guerra, para evitar a repetição da História.
A principal mensagem, contudo, foi de afirmação do papel da China no mundo: "O povo chinês é um povo que não teme a violência, é autossuficiente e forte", disse.
O desfile, além de mostrar força militar, visou também reforçar o apoio interno ao Partido Comunista Chinês e projetar a China como alternativa à ordem internacional dominada pelos Estados Unidos desde o pós-guerra.
Milhares de pessoas assistiram à parada a partir de zonas delimitadas na Praça de Tiananmen, acenando bandeiras vermelhas enquanto coros entoavam canções patrióticas como "Defender o Rio Amarelo" e "Não há Nova China sem o Partido Comunista".