A Rússia rejeitou esta quinta-feira críticas da União Europeia (UE) sobre o empenho em negociações, afirmando estar interessada em procurar a paz, mas assegurou que continuará a atacar a Ucrânia até alcançar os seus objetivos.
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"As forças armadas russas estão a cumprir a missão. Continuam a atacar alvos militares e paramilitares", disse o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, após críticas da UE a bombardeamentos em Kiev que causaram 14 mortos e danificaram a embaixada europeia.
"Ao mesmo tempo, a Rússia continua interessada em prosseguir o processo de negociação, a fim de alcançar os objetivos que foram fixados por meios políticos e diplomáticos", afirmou, citado pelas agências de notícias France-Presse (AFP) e espanhola EFE.
Peskov disse que é o exército ucraniano que ataca a "infraestrutura pacífica" russa, referindo-se aos bombardeamentos de Kiev contra as refinarias russas que fornecem combustível à máquina de guerra de Moscovo.
"Os ataques são bem-sucedidos, os alvos são destruídos. A operação militar especial continua", acrescentou, sobre os bombardeamentos de hoje de madrugada.
O Ministério da Defesa russo disse anteriormente que visou apenas alvos militares nos bombardeamentos com drones e mísseis, incluindo mísseis hipersónicos Kinzhal.
As autoridades de Kiev disseram que os ataques já causaram 17 mortos, incluindo três crianças, e 48 feridos em Kiev, mas admitiram que o balanço possa ser mais grave por terem ficado pessoas sob os escombros de edifícios residenciais.
Peskov foi questionado sobre declarações anteriores do presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, a sugerir um cessar-fogo aéreo como primeiro passo para um acordo.
"Não foram alcançados acordos sobre este assunto", respondeu o porta-voz do presidente Vladimir Putin, citado pela agência de notícias estatal russa TASS.
"Repito mais uma vez: tudo o que pode ser discutido no contexto de procurar formas de alcançar uma trajetória de acordo deve ser discutido de forma discreta", acrescentou.
"Manter a pressão máxima sobre a Rússia"
Os ataques danificaram cerca de uma centena de edifícios na capital ucraniana, incluindo as instalações da embaixada da União Europeia (UE) e do British Council.
Os dirigentes da UE criticaram duramente a Rússia pelos ataques, com a representante diplomática em Kiev, Katarina Mathernova, a descrevê-los como a resposta de Moscovo aos esforços de paz.
Na mesma linha, a chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, disse que "enquanto o mundo procura um caminho para a paz, a Rússia responde com mísseis".
Kallas chamou o representante russo em Bruxelas para exigir explicações e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, prometeu mais um pacote de sanções "para manter a pressão máxima sobre a Rússia".
Nas últimas semanas, o presidente norte-americano, Donald Trump, reuniu-se com Putin e depois com o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, e líderes europeus para tentar encontrar uma solução para o conflito.
Dessas iniciativas saiu a possibilidade de uma cimeira entre Putin e Zelensky, que Trump disse que ia organizar, mas o entusiasmo do líder dos Estados Unidos parece ter esmorecido nos últimos dias face às posições russas.
Moscovo insiste em reivindicar, entre outras questões, os territórios que declarou como anexados, incluindo a Crimeia, que ocupou em 2014, e a exigir que a Ucrânia renuncie à adesão à NATO.
Kiev quer a retirada das tropas russas do território da Ucrânia, incluindo da Crimeia, e garantias de segurança dos aliados ocidentais para prevenir futuras agressões de Moscovo.
A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 para "desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho e mergulhou a Europa no pior conflito armado no continente desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
