Pelo menos dez países europeus venderam armas e material bélico à Rússia, depois do embargo decretado em 2014, após a anexação da Crimeia. O valor das exportações é de quase 350 milhões de euros.
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A notícia foi avançada esta manhã de quinta-feira pelo consórcio Investigate Europe e pelo jornal Público. Entre o armamento vendido pelos países europeus encontram-se mísseis, aviões, foguetes, torpedos e bombas. Muitos destes materiais poderão estar a ser usados na invasão à Ucrânia.
Os dados analisados pelo consórcio jornalístico são do grupo de trabalho da União Europeia que regista todas as exportações militares dos 27 membros. Entre 2015 e 2021, França, Alemanha, Itália, Áustria, Bulgária, República Checa, Croácia, Finlândia, Eslováquia e Espanha terão exportado material bélico para a Rússia no valor de 346 milhões euros.
Recorde-se que, desde 2014, a União Europeia proíbe a venda de armas ou material conexo, incluindo munições e veículos militares para a Rússia. A medida foi tomada como retaliação pela anexação da Crimeia e a proclamação das repúblicas separatistas do Donbass.
Mais de mil licenças emitidas em seis anos
Questionado pelos jornalistas, o grupo de trabalho explica que o embargo não abrange contratos celebrados antes de 1 de agosto de 2014 ou contratos acessórios para a execução desses compromissos, por exemplo, para o fornecimento de peças sobressalentes e serviços necessários para a manutenção e segurança das capacidades existentes. Terá sido no âmbito destas exceções que, ao longo de seis anos, foram emitidas mais de mil licenças para exportação de armas para Rússia e apenas recusadas cem.
Segundo o jornal Disclose, citado pelo Público, o principal exportador foi a França com 152 milhões de euros, 44% do total das vendas. Entre o material vendido estarão bombas, foguetes, torpedos, mísseis e cargas explosivos e também equipamentos como câmaras de imagem térmica, sistemas de navegação e detetores de infravermelhos que foram colocados em blindados, caças e helicópteros que estão a ser usados na invasão à Ucrânia. O governo francês explicou que as vendas eram um "fluxo residual de contratos passados (...) e que se extinguiu gradualmente".
O segundo maior exportador foi a Alemanha com 121,8 milhões de euros de vendas, incluindo espingardas, navios quebra-gelo e veículos de proteção especial. Em terceiro lugar, a grande distância dos dois primeiros, encontra-se a Itália com exportações de 22 milhões de euros em veículos de guerra. Os blindados, que também estão na linha da frente na invasão, foram montados na Rússia mas apenas com peças italianas.