Família pede que autoridades o ajudem a regressar a casa ainda com vida. Estão a angariar fundos para suportar despesas médicas
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O estado de saúde de Pedro Coelho, o português com cancro terminal que se encontra retido na Colômbia à espera que as autoridades confirmem o cumprimento de uma sentença judicial, piorou ao ponto de ter sido internado no passado domingo no Hospital Universitário da Fundação Santa Fé de Bogotá. Os dois filhos deslocaram-se àquele país e a família lançou uma angariação de fundos para ajudar a pagar tratamentos. Médicos dizem que terá no máximo três meses de vida.
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Pedro Miguel, filho de Pedro Coelho, disse ao JN que o cancro, um melanoma, se espalhou e já está "nos ossos, fígado e pulmões", provocando "dores e problemas respiratórios". "Os médicos indicam-nos que a sua morte pode ocorrer dentro de algumas semanas a uns três meses", acrescenta.
As dores são "horríveis", contou Pedro Coelho, explicando que só com medicamentos as consegue controlar e manter "alguma dignidade".
Pedro Coelho não tem acesso ao serviço de saúde público na Colômbia, pelo que é a família que tem vindo a suportar os custos. Só na última semana foram gastos "mais de 11 mil euros", entre "internamento, medicamentos para gestão da dor, exames e uma sessão de imunoterapia", contabiliza Pedro Miguel, adiantando que a família não tem como para pagar as próximas sessões. No domingo lançaram uma angariação de fundos, que já angariou 6000 euros.
A família garante que a parte do dinheiro doado "que não seja necessário", será "doada a organizações de caridade que se foquem na pesquisa da cura para o cancro ou no apoio a pacientes em condições semelhantes".
Pedro Coelho, agora ex-diretor de operações da Jerónimo Martins na Colômbia, foi detido, em 2017, por suspeita de corrupção e coação para ato ilícito. Foi sentenciado a 36 meses (pena suspensa) e consequente expulsão do país, tendo acabado de cumprir a pena em setembro.
Pedida solução urgente
O diagnóstico foi conhecido a meados do ano. O sinal que alertou para o melanoma foi removido, mas, porque a sentença estava prestes a terminar e incluía uma ordem de expulsão do país, uma outra cirurgia com recobro prolongado que poderia ajudar a evitar que o cancro se espalhasse foi adiada. Contudo, mais de dois meses depois, as autoridades colombianas ainda não emitiram os documentos que comprovem o cumprimento efetivo da pena e permitam ao doente regressar a Portugal.
O filho não tem dúvidas que "a demora contribuiu de forma decisiva para o agravamento do estado de saúde". A cirurgia já não é viável, nem quimioterapia ou radioterapia. Atualmente o doente está a ser submetido a imunoterapia para prolongar um pouco a vida.
Um paciente em situação similar "pode viver três a quatro anos. No caso do meu pai, chegou a este estado em quatro meses", lamenta Pedro Miguel, considerando que para a rápida deterioração da saúde contribuiu o "elevado nível de stress", nomeadamente por não poder regressar a casa.
Ao JN, o Ministério dos Negócios Estrangeiros disse que já foram "levadas a cabo diligências a nível político junto da Embaixada da Colômbia em Portugal", tendo sido "solicitada uma solução urgente para o caso e sublinhado o respetivo cariz humanitário".
Pedro Miguel pede ao Governo português que equacione todas as possibilidades, nomeadamente a atribuição de um "passaporte diplomático por causas humanitárias".