Seis reféns foram mortos e os seus corpos encontrados num túnel em Rafah, no sul de Gaza. Os familiares culpam Netanyahu pelo trágico desfecho. O presidente israelita diz que é a prova que o Hamas não quer um cessar-fogo. Na segunda-feira há greve geral em Israel para exigir um acordo para a libertação dos reféns.
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Ori Danino, Almog Sarusi, Hersh Goldberg-Polin, Carmel Gat, Alexander Lobanov e Eden Yerushalmi eram reféns do Hamas desde outubro de 2023 e os seus corpos foram encontrados, no sábado à noite, num túnel em Rafah, no sul de Gaza.
O exército de Israel identificou os corpos - duas mulheres e quatro homens, incluindo um israelo-norte-americano e um israelo-russo.
Segundo o diário israelita "Haaretz", as autópsias "indicam que todos foram baleados na cabeça e que não há dúvida de que morreram em consequência dos tiros", mas não citou a fonte.
Posteriormente, o Instituto Nacional de Medicina Legal de Israel informou que os seis reféns foram "assassinados" com "vários tiros". "Os seis reféns foram mortos por terroristas do Hamas com vários tiros disparados à queima-roupa", afirma o Ministério da Saúde israelita.
O exame forense, acrescenta, concluiu ainda que a morte dos quatro homens e duas mulheres terá ocorrido cerca de 48 a 72 horas antes da perícia, ou seja, entre quinta-feira e a madrugada de sexta-feira.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse estar de coração partido com a notícia da morte dos reféns, acusou o Hamas de os ter morto a "sangue frio" e disse que Israel vai responsabilizar o grupo.
O governante acusou também o Hamas de ter posto em causa os esforços de cessar-fogo em curso, avançou a agência noticiosa Associated Press (AP). "Quem assassina reféns não quer um acordo", afirmou.
Já o Hamas responsabilizou Israel e os Estados Unidos pela morte dos seis reféns, sustentando que foram mortos por bombardeamentos israelitas. "A responsabilidade pela morte dos prisioneiros detidos pela resistência é da ocupação, que insiste em continuar a sua guerra genocida e em fugir a um acordo de cessar-fogo, bem como da administração norte-americana pela sua parcialidade, apoio e cumplicidade", disse o porta-voz e membro do gabinete político do Hamas, Izzat al Rishq.
Famílias furiosas exigem acordo já
Os familiares dos reféns ficaram furiosos ao saberem das mortes, afirmando que se o primeiro-ministro israelita tivesse assinado um acordo de cessar-fogo com o Hamas, eles ainda estariam vivos.
O Forum das famílias dos reféns apelou aos israelitas para se manifestarem esta noite em Telavive, para exigir "um bloqueio total ao país e a aplicação de um acordo de libertação dos reféns".
"Eles estavam vivos, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o seu gabinete de morte decidiram não os salvar. Ainda há reféns vivos, podemos fazer um acordo", escreveu o líder da oposição, Yaïr Lapid, na sua página no Facebook.
Greve geral pressiona Netanyahu
O maior sindicato de Israel convocou uma greve geral para exigir ao Governo israelita um cessar-fogo. O Histadrut, que representa cerca de 800 mil trabalhadores em áreas como saúde, transportes e banca, indicou que a greve começaria na segunda-feira de manhã.
Segundo o sindicato, o objetivo é aumentar a pressão sobre o Governo para que chegue a um cessar-fogo que permita a libertação dos restantes reféns detidos pelo Hamas em Gaza desde 7 de outubro de 2023.
No ano passado, uma greve geral durante a controversa reforma judicial do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu contribuiu para adiar temporariamente o plano.
Tensão no Governo
O Canal 12 de Israel noticiou que Netanyahu entrou em confronto numa reunião do Gabinete de Segurança, na quinta-feira, com o seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, que o acusou de dar prioridade ao controlo de um corredor estratégico ao longo da fronteira entre Gaza e o Egito - um dos principais pontos de discórdia nas conversações - em detrimento da vida dos reféns.
O Conselho de Ministros terá votado a favor da permanência no corredor, apesar das objecções de Gallant, que disse que isso impediria um acordo sobre os reféns. "O Conselho de Ministros deve reunir-se imediatamente e anular a decisão de quinta-feira", disse Gallant em comunicado, este domingo, num gesto sem precedentes, de acordo com a agência noticiosa EFE.
Um funcionário israelita confirmou o relatório e disse que, relativamente a três dos reféns - Goldberg-Polin, Yerushalmi e Gat - estava planeado serem libertados na primeira fase de uma proposta de cessar-fogo discutida em julho.
O presidente Joe Biden reuniu-se com os pais de Goldberg-Polin, israelo-norte-americano de 23 anos, e disse estar "devastado e indignado".
"É tão trágico quanto repreensível", lamentou. "Não se enganem, os líderes do Hamas vão pagar por esses crimes. E nós vamos continuar a trabalhar sem parar para chegar a um acordo que garanta a libertação dos restantes reféns", acrescentou.
A vice-presidente Kamala Harris condenou o Hamas.