Sobreviventes de Valência ainda incrédulos: "Parecia um cenário de guerra"
Guillermina e Xavier, vizinhos em Masanasa, na província de Valência, reconstroem o horror vivido nas cheias avassaladoras de terça-feira.
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Na casa de Guillermina Rodriguez e Miguel Ángel del Monte, em Masanasa, só sobraram dois quadros: um com a data do seu casamento, há um ano e meio, e outro com o Coliseu de Roma, um dos destinos da lua de mel. O resto foi levado pela água ou amontoado fora de casa porque já não serve para nada. São restos de mobília e da vida de antes, que já não vai voltar a ser a mesma. “Perdemos tudo. A casa, o trabalho, tudo”, diz Guillermina, enquanto aponta para uma sala vazia e uma cozinha onde só restam destroços. “Mas salvámos a vida por um milagre”, atira de seguida, como a querer lembrar-se que o mais importante ficou.
Guillermina nasceu em Espanha mas é filha de mãe portuguesa, “nascida em Vila Real de Santo António”. Desse lado da fronteira conserva família no Porto e em Coimbra. Naquela terça-feira, 29 de outubro, a mãe de Guillermina estava em casa e o casal saiu para trabalhar, como de costume.