Arte e gastronomia portuguesas cativam visitantes nos Emirados Árabes Unidos. Em pouco mais de três meses, o espaço dedicado ao país já recebeu perto de 500 mil pessoas.
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Num espaço de 1800 metros quadrados, Portugal tem dado muitas razões para ser eleito como destino de férias ou negócios. Dos coloridos tapetes de Arraiolos, às típicas camisolas da Póvoa de Varzim até à aconchegante gastronomia, a presença portuguesa demarca-se nas diferentes áreas, mas converge na primazia de enaltecer o cantinho à beira mar plantado, destaca ao JN Luís Castro Henriques, Comissário-Geral de Portugal para a Expo Dubai, que garante que o evento "tem sido a montra perfeita para promover o talento nacional".
Depois de ter sido adiada em 2020, a Expo Dubai abriu portas em outubro do ano passado, albergando 192 pavilhões onde se pode encontrar o que de melhor há para conhecer em cada canto do Mundo. No espaço de Portugal já estiveram perto de 500 mil pessoas que puderam observar as maiores relíquias lusas mesmo à distância de mais de 6 mil quilómetros. "Tem despertado a curiosidade das pessoas pelo país", revela Luís Castro Henriques.
Um dos protagonistas do pavilhão de Portugal foi um vestido produzido manualmente, em que o corpete e alguns elementos da saia são feitos em filigrana, a "jóia da coroa" da ourivesaria de Gondomar. A peça, idealizada pelo filigraneiro Arlindo Moura e pela estilista Micaela Oliveira, esteve em destaque no início de dezembro. "As pessoas paravam para ver a obra. Algumas ficavam incrédulas", revela o designer, que classifica a experiência em terras árabes como "enriquecedora".
Orgulho luso
O artista recorda que a oportunidade de marcar presença na feira internacional surgiu numa altura em que a peça ainda não estava finalizada, mas a viagem não podia ser feita sem a obra. "Foi um trabalho complexo", recorda. Mostrar a arte portuguesa era um dos objetivos, mas Arlindo Moura não esquece a oportunidade que teve de "absorver outras culturas", e foram essas culturas que o acabaram por surpreender. "Senti que o valor da nossa arte foi reconhecido. Houve muito interesse e isso enche-me de orgulho", conta. O vestido, que demorou 2040 horas a ser feito, está agora em exposição no Museu da Filigrana, em Gondomar, e espera mais oportunidades para poder viajar pelo Mundo.
No Médio Oriente, porém, a gastronomia lusa ainda é rainha. O restaurante Al.Lusitano leva os sabores nacionais à região atraindo turistas. "Têm muita curiosidade em provar bacalhau", apontou a chefe Dina Pina. Também os visitantes portugueses aproveitam a viagem para comer algumas iguarias. Foi o caso de Francisca Rodrigues, que esteve no Dubai em dezembro, e durante a passagem não perdeu a oportunidade de comer um dos ícones da gastronomia portuguesa: "não podia faltar o pastel de nata", referiu.
Mas nem só de montras e culinária se faz a feira. A logística e a organização da Expo são a chave para o sucesso. Paulo Silva, que está a viver na cidade para trabalhar no evento, faz a gestão de acessos, destacando a experiência "não só ao nível da presença cultural mas também pela preocupação social e ambiental".
A Expo, que se está a realizar pela primeira vez num país do Médio Oriente, fecha portas no final de março, mas ainda há muito por fazer. Depois da celebração do dia de Portugal, a 14 de janeiro, nas próximas semanas, o pavilhão português, que teve um investimento de 21 milhões de euros, terá semanas dedicadas a diferentes regiões do país. Castro Henriques sugere que "por mais apelativo que seja o nosso país nas suas vertentes económica ou cultural, aquilo que nos diferencia são são a nossa arte de bem acolher e o nosso talento".
