Um grupo de americanos residentes em Portugal organiza nesta sexta-feira, dia da tomada de posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, uma vigília em Lisboa, às 17 horas, no Largo do Carmo, em defesa dos valores democráticos e para prestar tributo a Barack Obama, presidente cessante. Misha Pinkhasov, consultor e escritor, que vive em Portugal desde 2014, é um dos organizadores da iniciativa.
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Qual o maior receio em relação à administração de Donald Trump?
Há muitos. Tolerar a corrupção para dar poder às corporações, a erosão dos direitos civis/humanos, danificar o meio ambiente. Falando por mim, é a erosão da liberdade de expressão e de uma imprensa independente, o que tornaria difícil a oposição às medidas políticas ou proteger os "inimigos" que ele escolhe perseguir como obstáculos aos seus objetivos.
Crê que a eleição dele e as medidas que foi anunciando nestes dois meses podem levar a que cidadãos norte-americanos optem por viver no estrangeiro?
Fala-se disso depois de cada eleição. Geralmente, é mais conversa do que ação. Mas para os muçulmanos e as famílias LGBTQ, por exemplo, este é um momento assustador, não apenas por Trump, mas por toda uma coleção de políticas de Direita e uma discriminação que a sua retórica tornou aceitável. Tive várias perguntas de amigos norte-americanos sobre viver e trabalhar em Portugal.
Vive em Portugal desde 2014. Que feedback tem tido por parte dos portugueses desde que se soube que Donald Trump seria o novo presidente?
Imagino que para muitos portugueses foi semelhante ao que o Brexit foi para mim. Surpreendente, dececionante, absurdo, mas, depois, um pouco distante. Em geral, as pessoas que conheço têm-me apoiado. Aqueles com laços mais próximos ou mais freqüentes com os Estados Unidos ficaram tão chocados quanto alguns norte-americanos. Na organização desta vigília, alguns comentários foram negativos. Uns da Esquerda porque pensam que a nossa mensagem é demasiado conservadora. Uns da Direita porque pensam que estamos sendo divisivos e antidemocráticos. Não se pode agradar a todos.