Um tribunal das Filipinas declarou inválido o mandato de uma ex-presidente de câmara do norte do país, identificando-a como cidadã chinesa e considerando que ocupou ilegalmente o cargo entre 2022 e 2024.
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Conhecida publicamente como Alice Guo, a antiga autarca da cidade de Bamban, na província de Tarlac, foi identificada pelo Tribunal Regional de Primeira Instância de Manila como sendo, “sem dúvida, uma cidadã chinesa” com o nome verdadeiro Guo Hua Ping.
A sentença, assinada na passada sexta-feira e divulgada hoje pelo diário local "Philstar", considera que Guo “usurpou e exerceu ilegalmente o cargo de presidente da câmara”, invalidando todo o seu mandato desde a tomada de posse em 2022 até à sua suspensão em 2024.
O caso ganhou notoriedade no país há cerca de um ano, quando Guo fugiu das Filipinas para evitar responder à justiça, acabando por ser detida na Indonésia em setembro de 2024 e deportada para Manila sob escolta policial.
A ex-autarca é alvo de dezenas de processos judiciais que incluem acusações de tráfico de pessoas, malversação, falsificação de documentos e, mais recentemente, 62 crimes de branqueamento de capitais, segundo o Ministério da Justiça filipino.
A revelação da sua alegada nacionalidade chinesa alimentou suspeitas de espionagem a favor de Pequim, num contexto de tensão crescente entre os dois países devido à disputa territorial no mar do Sul da China - uma zona estratégica por onde passa cerca de 30% do comércio marítimo mundial, que concentra 12% das zonas de pesca globais e importantes reservas potenciais de petróleo e gás.
Guo começou a ser associada à criminalidade organizada quando a polícia filipina a ligou a operações de casinos ilegais geridos por redes mafiosas chinesas em Bamban.
As autoridades resgataram centenas de filipinos e cidadãos estrangeiros mantidos alegadamente contra a sua vontade num centro daquela localidade, onde estariam forçados a participar em esquemas de burla ‘online’.