Uma televisão estatal da Arábia Saudita emitiu um concerto pela primeira vez desde 1979, rompendo com as normas do país ultraconservador que, até agora, proibia a música não religiosa.
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O primeiro concerto, transmitido na noite passada pelo canal Al Zaqafiya, que pertence ao Ministério da Cultura, foi um recital da egípcia Um Kulzum, falecida em 1975 e considerada como a diva da canção árabe.
A emissão do concerto é mais uma das recentes medidas para uma maior abertura, particularmente destinadas a conceder direitos às mulheres.
A principal destas medidas, anunciada no passado dia 26 de setembro, mas que só entrará em vigor em 2018, foi a concessão de autorização para as mulheres conduzirem.
Recentemente também foi anunciada a criação de aulas de educação física para as meninas e foi permitida a entrada das mulheres nos estádios desportivos.
No reino ultraconservador, imperam normas de comportamento muito restritivas, que obrigam as mulheres a cobrir-se da cabeça aos pés e limitam em grande medida a sua participação na vida social e no âmbito público.
As regras islâmicas que dirigem o país também impõem a separação de homens e mulheres nos espaços públicos e, no capítulo do ócio, proíbe as festas e concertos de música não religiosa.
Em agosto passado, a polícia saudita deteve um adolescente por dançar a Macarena (música 'pop' espanhola) numa passadeira, na cidade de Yeda (oeste do país).
O Governo saudita também anunciou o desenvolvimento de um projeto turístico na costa do Mar Vermelho e onde se pretende aplicar as "melhores práticas mundiais" para os viajantes estrangeiros.
No entanto, nenhuma autoridade saudita esclareceu se esta zona terá leis especiais para permitir o uso de fatos de banho, que mulheres e homens partilhem os mesmos espaços ou que se autorize o consumo de álcool.