Uma nova guerra prestes a eclodir: Tensão entre Israel e Hezbollah não pára de crescer
Frequência dos ataques na fronteira entre os dois países tem aumentado nos últimos meses. ONU alerta que situação é "extremamente delicada" e pode levar a um novo conflito na região.
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As relações entre Israel e o grupo militante libanês Hezbollah estão no nível mais tenso desde 2006, após uma série de incidentes que inflamaram a situação na fronteira controlada pela ONU. Após 17 anos desde o fim do conflito árabe-israelita no Líbano, o Hezbollah parece estar a experimentar novas táticas na volátil região para testar a determinação de Israel, escreve o jornal britânico "The Guardian". A frequência das afrontas na fronteira está a aumentar e a probabilidade de haver um erro de cálculo também cresce.
“Nos últimos meses tem sido intenso. Há cada vez mais incidentes. Há seis meses, uma patrulha por dia era suficiente, agora precisamos de quatro e estamos em alerta máximo. A possibilidade de um envolvimento violento é cada vez maior”, admitiu um oficial israelita, em declarações ao diário britânico.
Também a Força Interina das Nações Unidas no Líbano, missão de paz responsável por patrulhar a Linha Azul (demarcação de fronteiras entre o Líbano e Israel estabelecida pela ONU a 7 de junho de 2000), classificou a situação como “extremamente delicada”, instando todas as partes a “cessarem quaisquer ações que possam levar a uma escalada” da tensão.
Desde que Israel construiu, há alguns meses, uma cerca em volta da parte Norte da vila de Ghajar, pertencente ao Líbano (a outra metade já pertencia tecnicamente ao território de Israel), assumindo o controlo efetivo de todo o local, têm sido muitos os incidentes registados e que têm feito suar os alarmes.
Em março, um militante do Hezbollah cruzou a fronteira para Israel, conseguindo detonar uma bomba à beira da estrada, ferindo uma pessoa. Quase cinco meses depois, ainda não está claro se a explosão foi um ataque transfronteiriço do grupo militante, o que seria o primeiro desse tipo nos últimos anos.
Um mês depois, o maior lançamento de mísseis desde o conflito de 2006 assolou Israel, naquela que terá sido uma resposta às incursões da polícia israelita no complexo sagrado da mesquita de Aqsa, em Jerusalém. Embora as autoridades do Estado judaico acreditem que os mísseis foram lançados por fações palestinianas baseadas no país vizinho, é quase certo que terão agido em coordenação com o Hezbollah, que controla grande parte do Sul do país.
Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, admite que a atividade recente do grupo é uma resposta às ações israelitas em Ghajar, que até setembro do ano passado era uma zona militar fechada.
Recentemente, Nasrallah criticou ainda a ONU por ser “incapaz” de impedir o cerco de Israel a Ghajar e a comunidade internacional por ficar calada perante “todas as agressões israelitas na fronteira”, mas ter “agido rapidamente quando a resistência montou uma tenda na fronteira”, referindo-se ao episódio em que, no passado mês de junho, o grupo Hezbollah ergueu duas tendas militares ao sul da Linha Azul.
Os militantes reivindicaram a área onde ficavam as tendas como território libanês, o que foi interpretado por Israel como um ato provocador. Porém, após intervenção diplomática, uma das barracas foi removida. Outra permanece no mesmo sítio e pode ser o catalisador para o início de um novo conflito na região.