O Parlamento Europeu aprovou hoje a recondução no cargo da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, por mais cinco anos, com 401 votos favoráveis dos eurodeputados na votação em plenário em Estrasburgo, acima dos 360 necessários.
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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, teve hoje a demonstração do peso político adquirido nos últimos cinco anos com a eleição, por uma maioria absoluta, para um segundo mandato no cargo.
Para o novo mandato comprometeu-se, discursando perante o Parlamento Europeu (PE) antes da votação, a estabelecer o alargamento do bloco europeu como uma "prioridade fundamental", a rejeitar a "polarização extrema das sociedades" europeias e a deixar que "demagogos e extremistas destruam" a UE.
A presidente do executivo comunitário anunciou ainda a intenção de criar, no novo mandato, uma vice-presidência do executivo comunitário para coordenar a competitividade e prosperidade, assente em menos burocracia e num novo pacto industrial e 'verde' e três novas pastas de comissários europeus, um para a Defesa, outro para gerir migrações no Mediterrâneo e outro para a Habitação.
Em 2019, Ursula von der Leyen emergiu quase do nada para dirigir a instituição mais poderosa da União Europeia (UE), a Comissão Europeia, mantendo-se sempre na liderança para ser reconduzida num segundo mandato, decisão confirmada pelo Conselho Europeu, na cimeira de 27 de junho, que a nomeou para o cargo.
A conservadora alemã, de 65 anos, passou com 401 votos a favor, 284 contra, 15 abstenções e sete votos em branco, no crivo do Parlamento Europeu (PE), onde precisava de uma maioria absoluta de 361 votos (metade mais um) a favor para ser confirmada no cargo.
Médica de formação, Von der Leyen angariou o apoio de outras forças políticas no hemiciclo europeu como os Socialistas e Democratas, que asseguraram o cargo de presidente do Conselho Europeu para o ex-primeiro-ministro português António Costa, e os liberais, que conseguiram a nomeação da primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, para alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, sendo por inerência vice-presidente do executivo comunitário.
Ursula von der Leyen foi sempre a grande favorita à sua própria sucessão, tendo sido a 'spitzenkandidat' (candidata principal) do Partido Poplular Europeu (PPE, que venceu as eleições europeias de 09 de junho com 188 mandatos) tendo sido a eleita num congresso celebrado em março em Bucareste, no qual apresentou como grandes prioridades de um eventual segundo mandato "democracia, prosperidade e segurança".
Ao preparar esta recondução, a antiga ministra da Defesa alemã, a primeira mulher a ocupar tal cargo na Alemanha, traçou um objetivo geral: dar prioridade à proteção da Europa, quer em termos democráticos, quer de defesa.
Von der Leyen, que em 2019 se tornou a primeira mulher a liderar a Comissão Europeia, nasceu em 08 de outubro de 1958 em Bruxelas.
Aderiu à União Democrata-Cristã (CDU) em 1990 e envolveu-se na política ativa seis anos depois, na Baixa Saxónia, onde exerceu vários cargos locais e estaduais até ser eleita, em 2004, para o comité de liderança do partido.
A nível federal, o seu primeiro cargo foi, em 2005, de ministra dos Assuntos Sociais no primeiro governo de Ângela Merkel e quatro anos depois foi eleita deputada, mas foi reconduzida no cargo dos Assuntos Sociais.
Em 2010, foi eleita vice-presidente da CDU e foi vista durante muitos anos como a possível sucessora de Merkel.
A conservadora integrou o gabinete da chanceler pela primeira vez em 2005 como ministra dos Assuntos Sociais, tendo lutado pelo pagamento de licença parental aos pais que desejam usufruir desse direito e conseguiu também introduzir uma quota para mulheres nas administrações das empresas.
Em 2013 assumiu a pasta da Defesa.
Filha de um antigo funcionário europeu e depois primeiro-ministro da Baixa saxónia, é casada desde 1986 com Heiko von der Leyen, com quem tem sete filhos.
Licenciou-se em medicina em 1980, depois de ter desistido do curso de economia, e exerceu a especialidade de ginecologia.