"Vou honrar a memória do meu filho". Pais choram a morte dos filhos em ataque a creche
Larissa Maia Toldo, Bernardo Cunha Machado, Enzo Marchesin Barbosa e Bernardo Pabest da Cunha são as vítimas do ataque contra a creche do Cantinho do Bom Pastor, em Blumenau, Santa Catarina, Brasil. Os pais e familiares homenagearam as vítimas com mural de velas e flores à frente da escola.
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Bem-disposto e apaixonado por dança. É assim que a comunicação social brasileira recorda o pequeno Enzo Marchesin Barbosa, de quatro anos, e uma das quatro vítimas mortais do ataque de quarta-feira a uma creche em Santa Catarina. Era filho adotivo de duas mães, Samira Barbosa e Carina Marchesin, que mostravam nas redes sociais os momentos especiais do filho, que chegou à família em dezembro de 2021.
Bruno Bride, pai de outra das crianças assassinadas, recordou o último momento que passou com o filho de cinco anos. Bernardo Cunha Machado chegou à creche na manhã de quarta-feira animado e a imitar um coelho, pronto para enfrentar mais um dia com os amigos. O pai entrou na brincadeira e quando deu por si estava a saltar com o filho em frente ao portão da creche. "Vou honrar a memória do meu filho todos os dias, fazer valer a pena todos os momentos. Peço que Deus conforte meu coração e de todas as famílias", acrescentou. Quanto ao agressor, e como cristão, afirmou que o perdoava.
Bruno Bride, pai do Bernardo Machado, uma das crianças que foi assassinada no ataque na Creche em Blumenau. pic.twitter.com/e5el5wEkmv
- Cristian Delosantos (@cdelosantos) April 5, 2023
Larissa Maia Toldo tinha chegado a Blumenau recentemente. "Larissa e a família mudaram-se para a cidade de Blumenau há pouco tempo. Ela estava matriculada na escola para terminar este ano letivo, mas infelizmente (...) está entre as vítimas do ataque à Creche Cantinho Bom Pastor", revelou a câmara de Castanhal, onde a criança nasceu e cresceu até aos sete anos. A mãe de Larissa foi internada após saber que a filha tinha morrido.
Um homem de 25 anos invadiu a creche privada do Cantinho Bom Pastor de machado em punho, na quarta-feira de manhã. Segundo a polícia, saltou o muro da escola da cidade de Blumenau, em Santa Catarina, e atingiu as vítimas na região da cabeça.
"A minha colega de sala chegou a correr e disse: 'fecha a porta, fecha a janela porque um homem está a assaltar a escola'. Pensamos que era um assalto porque ele invadiu a escola, fechei os bebés na casa de banho, e depois vieram à porta dizer que ele 'estava a matar' (...) A turma do pré estava toda no parque, a fazer uma roda. Ele tinha mais que uma arma", relatou a professora Simone Aparecida Camargo à NSC TV.
As vítimas mortais pertenciam à turma que estava no exterior do edifício no momento do ataque. Larissa Maia Toldo tinha sete anos, Bernardo Cunha Machado cinco, Enzo Marchesin Barbosa quatro, assim como Bernardo Pabest da Cunha. Outras quatro crianças ficaram feridas, mas já não correm risco de vida.
Durante a noite, os pais das vítimas encheram a entrada da creche com velas, flores e homenagens para as crianças que não resistiram aos ferimentos provocados pelo suspeito de 25 anos, que se entregou na polícia municipal logo após o ataque. Está detido e acusado de quatro homicídios qualificados e quatro tentativas de homicídio. Ainda não são conhecidas as motivações do crime e as autoridades estão a investigar se o agressor teve ajuda de outras pessoas.
A creche Cantinho Bom Pastor fica no bairro Velha, em Blumenau, em Santa Catarina, e é frequentada por cerca de 250 crianças, entre um ano de idade e os 12 anos.
Há menos de dez dias, houve outro ataque violento numa escola brasileira. Um aluno de 13 anos armado com uma faca matou uma professora e deixou outras três professoras e um estudante feridos, em São Paulo.
Segundo um levantamento dos media locais, desde 2011, mais de 10 escolas foram atacadas por criminosos no Brasil.