Montras partidas, veículos a arder e confrontos com a polícia é o resultado de mais uma manifestação dos "coletes amarelos" este sábado de manhã em Paris, França. Grande parte dos distúrbios está a ser provocada por elementos trajados de negro, sem coletes vestidos.
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O ministro do Interior, Christophe Castaner, fala em profissionais da desordem infiltrados nos protestos para semear o caos em Paris. "Responder com a máxima firmeza" foi a indicação que deu às autoridades policiais, revelou através do Twitter.
Vândalos destruíram montras e pilharam lojas luxuosas na Avenida dos Campos Elísios, em Paris, à margem da mobilização do movimento "coletes amarelos", marcada por uma nova onda de violência, observou um jornalista da AFP.
Não muito longe das montras partidas, os manifestantes - muitos vestidos de preto, com capuzes ou capacetes na cabeça - atiravam pedras contra a polícia, que respondeu com gás lacrimogéneo e um canhão de água, segundo a AFP.
A agência AP relatou que foi ateado fogo no exterior de uma loja de sanduíches nos Campos Elísios e um veículo foi incendiado junto a estabelecimentos de luxo.
Outras boutiques de marcas de luxo foram vandalizadas e manequins atirados pelas montras partidas. Também um restaurante famoso, frequentado por celebridades e políticos, foi vandalizado.
Apesar de o número de manifestantes ter diminuído nos últimos fins de semana, os organizadores da marcha (que vai nas 18.ª semana) esperam que os seus mais recentes protestos possam dar nova vida ao movimento que decorre desde há quatro meses contra um presidente visto como favorecedor da classe de elite.
Os manifestantes lançaram bombas de fumo, petardos e outros objetos contra os agentes ao longo da avenida dos Campos Elísios - cenário de repetidos tumultos - e começaram a bater nas janelas de uma carrinha da polícia, enquanto outros ergueram barricadas.
O dispositivo da polícia de choque recuou, assim como um canhão de água, com os manifestantes a pontapear a lateral do grande camião.
Mais tarde, gás lacrimogéneo e o canhão de água foram usados pelas autoridades numa rua lateral para tentar afastar os manifestantes agrupados entre duas lojas.
Num bairro próximo, onde um outro grupo de protesto se reuniu, foi visto um veículo em chamas por um jornalista da AP.
A polícia de Paris disse à agência AFP que 31 pessoas foram detidas até às 10:30 locais (09:30 em Portugal continental).
Preparando-se para um potencial aumento do número de manifestantes e de violência, a capital francesa distribuiu hoje mais polícias do que nos fins de semana anteriores. A polícia fechou várias ruas e espalhou-se pela margem direita do rio Sena.
Grupos de "coletes amarelos" representando professores, desempregados e sindicatos estavam entre os que organizaram hoje dezenas de manifestações e marchas na capital e por toda a França.
As ações marcam o fim de um debate nacional de dois meses que Macron organizou para responder às preocupações dos manifestantes.
Os manifestantes classificam o debate como vazio e consideram-no uma jogada de campanha de Macron a pensar nas eleições para o Parlamento Europeu, em maio.
Os "coletes amarelos" protestam contra os altos impostos e contra as políticas de Macron, que consideram estar a proteger as grandes empresas.
No seu apelo 'online' para os protestos de hoje, os organizadores afirmam pretender que o dia sirva como um "ultimato" ao "Governo e aos poderosos".
Cerca de 5.000 homens e seis veículos blindados das autoridades policiais estão mobilizados para a capital, onde também estão previstas várias outras manifestações, em particular uma "Marcha do Século" para o clima.
Demonstrações de "coletes amarelos" também estão previstas para a província de Bordeaux (sudoeste), para Lyon (centro-leste) e Montpellier (sul).