Os Mensua fazem parte de uma família bastante conhecida em Rocafort, Valência. São estimados pelos vizinhos, ainda em choque com o que aconteceu aos netos. A filha, uma espécie de ovelha negra, era o único grande problema desta família. Depois de terem perdido a luta para salvar a rapariga, tentaram ajudar os netos, mas não conseguiram. Morreram às mãos dos pais, enterrados ao lado de casa, num crime chocante.
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Maria vivia com os dois filhos e o companheiro numa casa "okupa" entre Rocafort e Godella, no meio de mato e sem condições, mesmo ao lado de algumas das casas mais ricas de Valência, onde viviam futebolistas, advogados e muitas mais pessoas a quem não falta dinheiro.
Entre os seus ilustres vizinhos estão Robert Fernández, ex-diretor desportivo do Barcelona, e Roberto Ayala, uma das maiores estrelas do Valência. María e Gabríel renegavam esse tipo de vida e sempre se assumiram como antissistema, condenando qualquer tipo de luxo, preferindo viver em terra de ninguém, longe de qualquer tipo de conforto, numa casa sem tecto, com as paredes em ruínas.
Tudo isto preocupava Noemí Mensua Calzado, a avó que, depois de ter perdido a luta pela filha, tentou a todo o custo salvar os netos da tragédia que se antevia. A María ofereceu um lugar em casa até que a filha e o marido conseguissem encontrar um emprego e juntar dinheiro para poderem viver independentemente. Gabríel tinha sido despedido há poucas semanas e María estava sem trabalho desde que engravidou de Rachel, que tinha apenas seis meses de idade.
A pequena vitória que não evitou a tragédia
Noemía continuava a lutar contra as ideias da filha, que acreditava que os filhos viveriam melhor longe da sociedade ocidental, e que odiava a mãe, acreditando que esta lhe queria roubar as crianças. Mas a avó nunca desistiu e conseguiu levar de vencida uma pequena batalha. Exigiu que o neto mais velho, Amiel, de três anos, fosse escolarizado. Muitas vezes eram os avós que o iam buscar ao colégio situado em Rocafort.
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Segundo revela o jornal "El Mundo", citando pais de outras crianças, o menino conseguiu integrar-se facilmente no ambiente escolar. Os docentes sempre afirmaram que a conduta da criança era normal, não se vislumbrado qualquer tipo de problema. Com as morte das crianças, o choque foi tão grande que alguns dos docentes do colégio CEIP San Sebastían tiveram mesmo que receber acompanhamento psicológico.
Mas nem isso salvou os menores, apesar dos sinais de alarme. O menino não ia à escola desde o dia 20 de fevereiro. María acreditava que os filhos estavam possuídos e isso preocupada a avó, que pediu ajuda aos serviços sociais mais do que uma vez. "Tenho medo pelos meus netos", advertiu Noemí.
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Fê-lo mais do que uma vez, asseguram os vizinhos ao "El Español". A última foi na segunda-feira antes da tragédia, mas quando as autoridades chegaram a casa do casal viram os meninos e baixaram a guarda. "É incrível. Qualquer pessoa que visse onde eles viviam constataria que os meninos, com aqueles pais, não estavam seguros", lamenta um vizinho.
Prisão preventiva para a mãe das crianças
María, de 27 anos, foi internada pouco depois de as autoridades terem encontrado os corpos dos filhos enterrados. Segundo explica o jornal "El País", um juiz visitou-a este domingo na ala psiquiátrica do hospital de Llíria onde foi avaliada. Depois de mais de uma hora de interrogatório ordenou a prisão preventiva da mulher.
O pai, Gabríel Carvajal, também foi detido e, depois do interrogatório, foi-lhe decretada prisão preventiva.
A autópsia realizada aos menores encontrados mortos na quinta-feira, enterrados ao lado da casa onde viviam ilegalmente, provou que morreram na sequência de violentos golpes.