Juan Carlos I está em Abu Dhabi desde segunda-feira, explica o jornal espanhol "ABC", detalhando toda a rota do jato que levou o pai do rei Filipe VI e o esquema para que o percurso não fosse rastreado.
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Desde que, na segunda-feira, a Casa Real espanhola divulgou a carta em que Juan Carlos I comunicava ao filho a decisão de abandonar Espanha, na sequência das investigações sobre fundos suspeitos em paraísos fiscais, muito se especulou sobre o paradeiro do rei emérito.
Primeiro, estaria em Portugal, na zona do Estoril, avançava alguma imprensa nacional. Depois, na República Dominicana, assegurava o catalão "La Vanguardia". Agora, o "ABC", também espanhol, divulga aquele que diz ser o exato percurso realizado por Juan Carlos até chegar ao destino... Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.
Rota alterada para evitar fugas de informação
O jornal escreve que apurou, em exclusivo, que o rei emérito, saiu, pelas 10 horas de segunda-feira, a bordo de um jato privado (modelo Global 6500 com matrícula 9H-VBIG) alugado à empresa TAG Aviation, mas na sua sede em Malta, para evitar fugas de informação. O plano de voo, diz o ABC, até foi alterado para evitar qualquer rastreio, uma prática legal e bastante comum entre quem utiliza este tipo de meio de transporte de luxo, na tentativa de afastar paparazzis. A rota original do jato que transportou Juan Carlos era Paris - Abu Dhabi, com saída da capital francesa no domingo ao meio-dia. Mas o que aconteceu foi diferente: o jato passou a noite no aeroporto de Vigo, de onde voou com pelo menos seis passageiros: além do rei emérito, uma pessoa da sua maior confiança e quatro guarda-costas.
6038 quilómetros e sete horas e 13 minutos depois, o aparelho chegou ao aeroporto executivo Al Bateen, em Abu Dhabi, cujo uso é exclusivo para voos privados que chegam à capital dos Emirados. Dali, seguiram num helicóptero rumo ao Emirates Palace Hotel, um dos mais caros do mundo e propriedade do Governo dos Emirados, com quem o antigo rei mantém boas relações.
O rei emérito, que chegou ao hotel ao fim da tarde de segunda-feira, estará acomodado numa das seis suítes presidenciais do alojamento, que tem 850 mil metros quadrados de extensão e praia particular. Cada suite custam cerca de 11 mil euros por noite e é reservada para grandes magnatas e membros da realeza. Não é a primeira vez que Juan Carlos fica nessa fortaleza à prova de paparazzi, asseguram fontes próximas ouvidas pelo jornal.
Escândalo de corrupção
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A 15 de março, o rei Filipe VI anunciou que renunciaria à herança do pai e lhe retiraria a subvenção anual de quase 200 mil euros anuais. A decisão foi tomada com base nas informações divulgadas sobre uma investigação à origem de 65 milhões de euros que tinham dado entrada num fundo suíço para a fundação Lucum, com base no Panamá, para determinar se eram comissões pagas pela Arábia Saudita a Juan Carlos, como benefício num processo envolvendo a construção de um comboio de alta velocidade entre as cidades de Meca e Medina. Em 2018, o Tribunal Nacional Diego de Egea tinha ouvido gravações de uma conversa telefónica realizada três anos antes, na qual Corinna Larsen, ex-amante de Juan Carlos, revelava que tinha contas na Suíça, onde teria recolhido essas comissões, sendo supostamente uma testa de ferro do rei emérito de Espanha. Em junho deste ano, o Supremo Tribunal abriu uma investigação sobre Juan Carlos I, por crime fiscal e branqueamento de capitais no âmbito da adjudicação da construção da linha, por uma quantia superior a 6700 milhões de euros.