O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, garantiu, este sábado, que abandonará as negociações com Moscovo se os seus militares entrincheirados no complexo metalúrgico de Azovstal, em Mariupol, forem mortos pelo exército russo.
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Qualquer pessoa saudável escolheria a via diplomática em vez da militar
Foi numa estação de metro, local que já serviu de refúgio a milhares de pessoas durante a guerra, que Volodymyr Zelensky deu uma conferência de imprensa e deixou uma ameaça: as negociações com Moscovo serão canceladas se algum soldado ucraniano perder a vida em Mariupol.
"Se os nossos homens forem mortos em Mariupol e se forem organizados pseudo-referendos na região de Kherson, então a Ucrânia irá retirar-se de qualquer processo de negociação", começou por dizer o líder ucraniano, garantindo que, apesar de considerar a Rússia pouco confiável, não tem medo de se encontrar com Vladimir Putin para colocar um ponto final no conflito.
"Quando eles dizem algo, as suas palavras não coincidem com as suas ações. A guerra só pode ser parada por aqueles que a começaram. Medo de Putin? Não tenho direito a ter medo de me encontrar com ele, porque as nossas pessoas não mostraram qualquer medo. E qualquer pessoa saudável escolheria a via diplomática em vez da militar", acrescentou, acreditando que Putin será julgado por crimes de guerra.
"Não é eu querer que Putin seja julgado, mas todos os que derem essas ordens vergonhosas vão ser levados a tribunal. Estou convencido disso. Poderá demorar anos, mas vamos esperar. Se alguém como eu não viver tempo suficiente, os nossos filhos vão viver tempo suficiente".
Zelensky revelou, ainda, que o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken vai deslocar-se a Kiev no domingo - será a primeira visita oficial de representantes do governo norte-americano à Ucrânia desde 24 de fevereiro, dia em que a Rússia lançou uma ofensiva militar naquele país - e garantiu que tudo vai fazer para recuperar o território perdido.
"Isto não será uma questão de 20 ou 30 anos. Será uma questão de nós termos armas. Vamos recuperar tudo de uma vez, todos os territórios ocupados".
Segundo o conselheiro do chefe de gabinete do Presidente ucraniano, Oleksiy Arestovych, as tropas russas retomaram, este sábado, os ataques aéreos em torno da fábrica de aço Azovstal.
Oleksiy Arestovych realçou, porém, que as defesas da cidade estão a tentar resistir, apesar da situação difícil, e que as tropas ucranianas estão mesmo a levar a cabo contra-ataques. Segundo a agência Ukrinform, cerca de 1.000 civis e militares ucranianos estão no complexo industrial de Mariupol, dos quais cerca de 500 estarão feridos.