Critério de seleção gera indignação nos profissionais da delegação do Porto. Diretor do jornal, Vítor Serpa, explica que a decisão pertence à Administração e Chefia de Redação.
Corpo do artigo
12042741
Os funcionários da delegação do Porto do jornal "A Bola", que pertence à Sociedade Vicra Desportiva, estão em regime de lay-off desde segunda-feira (dia 6 de abril). A medida abrange 15 jornalistas, mas também fotógrafos, administrativos, gráficos e informáticos.
Ao que o JN apurou, a decisão, que afeta, no total, 76 profissionais, envolve os repórteres fotográficos de Lisboa, da agência ASF, e da revista Auto Foco, da Vicra Comunicações, mas a seleção geográfica provocou profundo descontentamento na redação nortenha.
"Os camaradas do Porto estão muito preocupados, porque, de facto, a redação fechou. Como é possível? Então, faz-se jornalismo a 300 quilómetros de distância?", questiona Luís Filipe Simões, jornalista de "A Bola" e membro da Direção do Sindicato dos Jornalistas. "Os redatores do Porto estão em lay-off e os redatores de Lisboa estão em funções. É um cenário que não me agrada, confesso, é uma discriminação. Vamos ver se há enquadramento legal para esta situação", explica, ao Jornal de Notícias.
11963653
O diretor de "A Bola", Vítor Serpa, explicou ao nosso jornal que desde há três anos é "um género de Conselheiro Editorial da Administração e Chefia de Redação". "Fui avisado que se iria encontrar uma solução para tentar defender os postos de trabalho num momento dramático para a informação desportiva. Os critérios de seleção não são meus. A decisão foi tomada pelo Conselho de Administração e Chefia de Redação".
"O objetivo era criar condições para viabilizar um jornal com menos pessoas. Pode haver razões que desconheço. Obviamente, tenho uma opinião, que até é bastante clara, mas não quero torná-la pública. Quer da Administração, quer dos camaradas do Porto, ainda não chegou nada para que o Conselho de Redação, do qual faço parte, se pronunciasse, o que até acho algo estranho", acrescentou Vítor Serpa, em declarações ao JN.
Ao JN, o jornalista Ricardo Quaresma, chefe de Redação em Lisboa, escusou-se a grandes comentários: "Não vou falar sobre o assunto. Tenho um jornal para fechar", disse, cordialmente.
A declaração de lay-off da empresa Sociedade Vicra Desportiva alega uma quebra abrupta e acentuada de 40% da faturação. O presente período de lay-off está fixado em 30 dias, mas pode ser renovável até um período de três meses.
"Esperamos que isto seja uma situação temporária. Não é possível fazer bom jornalismo desportivo quando a maioria dos clubes profissionais está a norte do Mondego, além das modalidades", faz notar Luís Filipe Simões.
De facto, o campeonato profissional de futebol, em Portugal, tem 18 clubes, sendo que 11 estão situados no Norte do país e os restantes sete espalhados por Centro, Sul e Ilhas.