Duas aeronaves vão sobrevoar Portugal no próximo sábado, num protesto “inédito” contra os problemas da escola pública. Um grupo de professores angariou fundos através de doações para alugar os aviões com vista a sensibilizar “os decisores” para os problemas na educação.
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Em Lisboa, um avião voará sobre a Praia Grande (Sintra), a Fonte da Telha (Almada) e Cascais às 17 horas. No Algarve, outro avião sobrevoará Lagos e Quarteira às 17.15 horas, com mensagens alusivas ao protesto dos professores. Querem “atenção mediática” para relembrar o país dos problemas por resolver na escola pública.
Para além dos voos, “um pequeno grupo de professores” estará presente em Pau da Bandeira (Albufeira), às 16.30 horas, e no Bar Azimut (Praia das Moitas, no Estoril), às 16.45 horas, para protestar e prestar declarações aos média que lá estejam presentes, segundo Paulo Cunha.
Paulo Cunha, um dos divulgadores do protesto, explicou ao JN que a iniciativa surgiu num grupo de docentes no Facebook, intitulado “Rumo a Bruxelas”. Foi o grupo responsável por entregar uma petição sobre os problemas da educação no Parlamento Europeu, no início deste ano.
“100% dos fundos” foram angariados através de doações, diz Paulo Cunha. João Afonso, um dos administradores do grupo, criou um Gofundme para arranjar forma de custear o aluguer dos aviões: arrecadaram 1973 euros.
Razões do protesto
Paulo Cunha explica que a recuperação do tempo de serviço é a reivindicação “mais mediática” dos professores, mas não é a única. “Tem de haver uma recuperação das aprendizagens e um corpo robusto de professores nas escolas”, diz.
Segundo o próprio, os membros do grupo estimam que, no início do próximo ano letivo, em setembro, haja “pelo menos 100 000 alunos sem professor a pelo menos uma disciplina”. Acrescenta que é necessária uma valorização da profissão para “incentivar os jovens” a querer segui-la.
Diz também que permitir “a todos os licenciados dar aulas” contribui para a sua desvalorização. “Estamos a facilitar, não estamos a tornar a profissão mais atrativa”, remata.
O grupo de professores garante ainda que “já estão a preparar” novas ações reivindicativas para setembro, “porque o diálogo não existe”.
“Só com uma educação plena, universal e de verdadeira qualidade é que podemos ter uma democracia saudável”, assegura Paulo Cunha.