Os agricultores portugueses não estão a conseguir renovar a sua frota de tratores, ficando inviabilizadas as suas candidaturas à "Renovação do Parque de Tratores Agrícolas" no âmbito da PDR. Pedem por isso ao Governo que lhes dê mais tempo para poderem fazer essa aquisição.
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Uma rutura de stocks de tratores a nível europeu está a causar "um atraso superior a seis meses na entrega" desses equipamentos, denunciou esta terça-feira em comunicado a Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal, CCRL (CONFAGRI). O abandono da atividade agrícola foi outro dos problemas expostos na reunião de ontem do Grupo de Acompanhamento e Avaliação das Condições de Abastecimento de Bens nos Setores Agroalimentar e de Retalho.
Há "um atraso superior a seis meses na entrega" dos equipamentos, o que prejudica as candidaturas ao concurso "Renovação do Parque de Tratores Agrícolas" no âmbito da PDR (Programa de Desenvolvimento Rural), disse ao JN Augusto Ferreira, quadro técnico da CONFAGRI. Os agricultores que apresentarem candidatura e cuja aprovação seja positiva terão de adquirir o trator num período de 6 meses, o que não é possível devido à falta de tratores no mercado. A quantidade de candidaturas ao concurso "foi enorme", garante." O anúncio arrancou com 15 milhões de euros e já foi alargado a 40 milhões de euros".
"Estamos a viver os efeitos da pandemia que teve um grande impacto na produção industrial na China e Índia que são os grandes fabricantes da indústria automóvel e de tratores. Existe uma grande procura por material que tarda em chegar às fábricas europeias onde se montam os veículos", referiu Augusto Ferreira ao JN.
"50% dos nossos tratores têm mais de 20 anos, não têm estruturas de proteção e por isso se explica que Portugal tem uma das mais elevadas taxas de sinistralidade com tratores da União Europeia", prosseguiu o elemento da CONFAGRI, lembrando que "máquinas mais eficientes trazem mais segurança para os trabalhadores e para os produtos obtidos". A solução seria alterar a legislação "para permitir que os agricultores tenham mais tempo de adquirir os tratores", alerta que terá sido deixado ao Governo.
Outro dos problemas apontados pelos agricultores é a "grande falta de mão-de-obra" pelo abandono da produção agrícola. "Os agricultores que estão a produzir para o mercado são os menos apoiados e os que irão sofrer mais com o aumento dos combustíveis. É certo que muitos irão abandonar a produção", disse, pois é "impossível transportar o aumento dos preços de produção para o preço final de venda os consumidores", concluiu.