José Pedro Aguiar-Branco considerou que não é “aceitável” o discurso do PS de “erramos” e “vamos continuar a errar”. Em ironia, o ex-ministro defendeu que é tempo de “salvar” o PS e a única forma de o fazer é afastar aquele partido do poder “durante muitos anos”.
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“O vamos continuar a errar, habituem-se, não é aceitável”, acusou José Pedro Aguiar-Branco, considerando que, ao fim de 20 anos, já chega de “erros” “cicatrizes” e “casinhos”. “20 aos de erros e cicatrizes, de casos e casinhos, de primeiros-ministros que se demitem... por muito menos, os socialistas franceses passaram à irrelevância”, apontou.
Segundo o ex-dirigente, o problema do PS não foram erros mas opções políticas. Exemplos disso serão a lei de bases da saúde, o imposto Mortágua ou o colapso dos serviços públicos. “Não foi um erro. O maior erro do PS foi não ter percebido que todas as opções que tomamos tem consequências”, apontou.
Para Aguiar-Branco, é tempo de salvar o PS de si próprio. “É das poucas coisas que as governações socialistas fazem em pleno: a demissão”, vincou, recordando que os três primeiros-ministros que os socialistas tiveram em 20 anos acabaram por se demitir. “Os três em comum a total ausência de responsabilidade própria. Guterres não fez nada, a culpa foi do país. Sócrates não fez nada, a culpa foi do sistema financeiro internacional. Costa nada fez, a culpa foi tão só de um singelo parágrafo alegadamente mal escrito”, ironizou.
Por isso, para o ex-ministro “é o interesse nacional quem o impõe”: “Temos que salvar o PS e a única forma de salvar o PS é dar aos socialistas tempo para pensarem sem governar, é garantir que passe uns bons anos longe do poder”.