Alta velocidade Porto-Vigo para lá de 2030 "é má notícia para a Galiza e Portugal"
A Junta da Galiza e os empresários galegos não aceitam que a ligação em alta velocidade Porto-Vigo possa não concretizar-se até 2030, conforme o prazo previsto.
Corpo do artigo
Do outro lado da fronteira, a imprensa tem feito eco de reações de descontentamento face à informação tornada pública pela comissária dos Transportes da Comissão Europeia, Adina-Ioana Valean, de que a meta de concretização do projeto não é considerada "realista".
A conselheira das Infraestruturas e Mobilidade da Junta da Galiza, Ethel Vázquez, reagiu, considerando que essa "é uma má notícia para a Galiza, para a Eurorregião e para Portugal".
"Reclamamos ao Governo [de Espanha] que reaja e se mexa, e que apresente planeamento completo e concreto, com pressupostos concretos para esta infraestrutura que é estratégica para a competitividade da Galiza e para fortalecer a Eurorregião", declarou Ethel Vázquez.
Recorde-se que no passado sábado, o jornal "Faro de Vigo" faz manchete com o título "Bruxelas tomba o plano para a alta velocidade para o Porto: Não é realista para 2030", com base nas declarações de Adina-Ioana Valean. A conexão ferroviária tem sido considerada, por agentes políticos do Norte e Galiza, "de importância extrema" no quadro do desenvolvimento da eurorregião. E foi também anunciada publicamente pelos Governos português e espanhol, com meta de concretização em 2030.
Ethel Vázquez acusa agora o Governo espanhol, de Pedro Sánchez, de "falta de planeamento e empenho" num projeto que está "muito verde [pouco maduro]" e que, por isso, não deverá ser incluído nos financiamentos europeus até 2030.
"Constata-se uma falta de planeamento, empenho e ausência de pressupostos à partida, com apenas 30 mil euros previstos para 2023", acusa.
Em entrevista à Rádio Galega, citada pela Europa Press, o presidente da Confederação de Empresários da Galiza (CEG), Juan Manuel Vieites, também já reagiu, referindo estar a movimentar-se para "convencer a União Europeia de que as vias ferroviárias de alta velocidade são fundamentais".
Anunciou que ainda esta semana reunirá com o presidente da comunidade de trabalho da eurorregião Norte de Portugal-Galiza, António Cunha, para "fazer com que haja confiança por parte de Bruxelas, para levar adiante esses projetos".
Vamos continuar a trabalhar para trazer a alta velocidade por Portugal até à Galiza
"Não concordo com o que afirma a comissária [Adina-Ioana Valean], mas vamos continuar a trabalhar para trazer a alta velocidade por Portugal até à Galiza e o Corredor de Mercadorias do Atlântico Noroeste", disse, referindo que, em março e abril, deverão realizar-se reuniões de trabalho, envolvendo o "cluster de logística galego", para que, pelo menos, o corredor seja concretizado "o mais rapidamente possível".
Comissão de Transportes descarta priorizar Porto-Vigo
A Comissão de Transportes descarta priorizar o projeto Porto-Vigo e disponibilizar fundos, porque o considera 'verde' (pouco maduro), atirando a sua concretização para 2040, no âmbito da estratégia da rede transeuropeia de transporte (RTE-T), que prevê a conexão do território europeu através de uma capilaridade de estradas, ferrovia, rotas navegáveis interiores e marítimas de curta distância. Por trás está "um macro plano" de investimentos de 244 mil milhões de euros, que ambiciona "a coesão europeia, sem desigualdades entre o norte e o sul, a concretizar até 2050".
O planeamento será concretizado em três fases, designadas pela Comissão Europeia, "em função do grau de maturidade de cada projeto". A primeira fase contempla "a rede básica" a concretizar até 2030. A segunda "a rede básica alargada", a viabilizar até 2040, e a terceira até 2050, a "rede global".
E, sendo assim, cai por terra o objetivo traçado pelos governos português e espanhol de incluir a ligação da alta velocidade ao Porto na primeira fase de projetos até 2030.