Antigo secretário de Estado admite sair do PSD se Rio apoiar "app" obrigatória
José Eduardo Martins, antigo deputado e secretário de Estado do PSD, admitiu deixar o partido caso Rui Rio viabilize a intenção do Governo de tornar obrigatório o uso da aplicação de telemóveis StayAway Covid.
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Numa publicação no Facebook, feita esta sexta-feira, o antigo governante lembrou que milita no partido desde 1985, tendo-o comparado a uma "grande família" apesar de a "distância" se ter tornado crescente nos últimos tempos.
"Como nas famílias grandes vamos vivendo a nossa vida, discordando muito, mas sentindo, apesar de tudo, que quando é preciso estamos todos do mesmo lado" escreveu José Eduardo Martins.
De seguida, o deputado apontou a mira ao facto de Rui Rio, líder do PSD, ter admitido, na quinta-feira, o cenário de a utilização da StayAway Covid passar a ser obrigatória, caso o Parlamento viabilize a proposta de lei do Governo: "Ora isto, mesmo sendo só a falta de cultura de um homem só, pode ser a posição do meu partido", escreveu José Eduardo Martins.
Mais vozes contra no PSD
O militante social-democrata concluiu com ironia, dizendo que, se a indicação dada por Rio corresponder à verdade, "vou ter de repensar o Natal. Não me sinto desta família, pela primeira vez depois de lá ter passado a vida toda". O JN contactou o deputado, mas este não quis fazer declarações.
Na véspera, Rui Rio tinha mostrado reservas sobretudo quanto à "eficácia" da "app": "A minha posição não é tanto relativamente aos direitos, liberdades e garantias, porque se a medida fosse eficaz, seguramente todos os portugueses estariam disponíveis para abdicar um pouco de alguns direitos em nome da resolução do problema", referiu o líder laranja, citado pela TSF.
Também Margarida Balseiro Lopes, deputada do PSD, teceu duras críticas à possibilidade de a instalação da "app" passar a ser obrigatória. Embora não tenha visado diretamente nem o seu partido nem a direção, escreveu que a proposta do Governo é "indecorosa" e "legal e constitucionalmente inaceitável".
"Esta intenção, que certamente não passará disso mesmo, é sobretudo reveladora de uma errónea convicção do Governo de que a pandemia fez desaparecer a Democracia. Mas não fez", concluiu Balseiro Lopes.
Lídia Pereira, eurodeputada do PSD, escreveu no Twitter, em inglês, que a proposta do Executivo é "assustadora e perigosa".