António Costa ensaiou uma versão gerigonça 2.0 pós-legislativas, ao garantir esta terça-feira que não acredita que chegue sozinho à maioria absoluta.
Corpo do artigo
"Em equipa ganhadora não se mexe, por mim sigo em frente", atirou.
Para quem, até há pouco tempo, não queria casar com o BE e o PCP mas manter a amizade colorida, António Costa mostrou, esta quinta-feira à noite, vontade não só de renovar a união estabelecida em 2015, como a de elevar o grau de compromisso da relação. Mas também deixou claro a quem não admitirá sequer um piscar de olhos: Assunção Cristas.
Numa entrevista à SIC, o primeiro-ministro admitiu "que é virtualmente impossível a existência de uma maioria absoluta" a 6 de outubro deste ano. Ainda que tenha dito que "o objetivo de qualquer político é ganhar as eleições, e ganhar com o melhor resultado possível".
"Considero que é virtualmente impossível a existência de uma maioria absoluta. No nosso sistema partidário, só em situações excecionais, [que] felizmente não existem, as maiorias absolutas surgem", sustentou. Por isso, a repetição dos acordos de governação estabelecidos com o BE, PCP e PEV, por Costa, seria de acontecer: "em equipa ganhadora não se mexe, por mim sigo em frente". E ainda reforçou: "uma boa solução política deve ser prosseguida".
De fora da equação ficaria a Direita, espetro político onde coloca Santana Lopes e o seu novo partido, o Aliança. Uma ligação ao PSD só perante uma "invasão de marcianos", assegurou Costa, que recusou dizer se o PS apoiaria Marcelo Rebelo de Sousa numa recandidatura a Belém, em 2021, até porque o peso dos socialistas não mudariam o cenário esperado numa ida do atual chefe de Estado às urnas. "Com o apoio popular que tem, se se recandidatar, é altamente improvável que não seja reeleito".
"Sentido" com ataque de Cristas
Costa voltou ao ataque que desferiu a Assunção Cristas, no último debate quinzenal, em que colocou a líder do CDS sob a suspeita de um manto racismo.
O socialista disse que apenas retorquiu a dois ataques - a um artigo escrito pela centrista e à questão que a mesma colocou no Parlamento sobre o incidente no Bairro da Jamaica, entre a PSP e a população.
"Há coisas que não admito: Uma pessoa que escreve um artigo a dizer que sou uma pessoa sem caráter não admito isso no debate político. Nunca fiz ataques pessoais a ninguém, também há limites", lamentou. "Não consigo ter duas caras. Não vou sorrir que sou uma pessoa sem caráter", reforçou.
Cristas questionou nesse debate se Costa condenava os atos de populares contra a PSP no Jamaica. Esta quinta-feira disse que ainda não esqueceu a pergunta. "Nem vou fingir a pergunta insultuosa que não entendo se condeno ou atos de vandalismo. Quem não se sente não é filho de boa gente. Nunca fiz na política e da política um palco de guerrilha e de ataques de caráter", assegurou.