Liberdade de estar onde querem e controlo do tempo. É assim a vida de Maria Freitas e Frederik Flade. São nómadas digitais.
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Por um mês, o casal, ela lisboeta e ele alemão, fixou residência num pombal no meio de um campo agrícola, em Santa Comba de Rossas, depois de ter sido selecionado no concurso "Bragança- Liberdade para recomeçar", lançado pelo município, que convidou famílias a virem experienciar a vida no concelho. "Procurámos um Portugal autêntico", explicam Mia e Fred.
É a partir desta aldeia rural que têm trabalhado este mês, com olhos postos nas ovelhas do vizinho, o chilrear dos pássaros como música ambiente e a brisa do vento que abana a erva no quintal. "Temos trabalhado bem", conta Mia. Aproveitam as facilidades das autoestradas da informação a que a Internet, mais ou menos veloz, lhes dá acesso. "Não tivemos ainda falta de conetividade", sublinha. Fazem trabalho remoto. Basta-lhes um computador, ligação à rede, uma máquina fotográfica ou até apenas um telemóvel. "Não precisamos de mais nada", asseguram.
Viver a escassos quilómetros de uma autoestrada de betão, a A4, também tem sido de grande utilidade, por lhes facilitar a mobilidade. "Temos uma revista digital, a Cultourista, que lançámos em fevereiro. Tentamos viajar o máximo possível, explorar o máximo de municípios, tentamos fugir ao cliché de Lisboa e Porto. Vamos a restaurantes, miradouros, zonas de interesse, desde museus, galerias de arte, etc. E, nos sítios que consideramos ter mais qualidade, aproveitamos para fazer uma reportagem fotográfica ou até um vídeo e publicamos na nossa revista", explicou Mia.
Aos 30 anos, já alcançou a autonomia almejada por muitos toda a vida. "Liberdade e criatividade. Sempre achei que a vida pode ser diferente e há profissões que o permitem, mas as pessoas estão ainda muito agarradas ao escritório, ao horário das nove às seis. Só que isso não é sinónimo de produtividade. Esta liberdade que nos permitimos ter, torna-nos mais criativos, melhores profissionais e pessoas mais ricas", sintetizou a produtora de televisão e de eventos.
Freelancers
Fred, 47 anos, designer, é alemão, mas está em Portugal há anos. Ambos viveram no Reino Unido e são freelancers, circunstância que lhes permite trabalhar a partir de onde lhes apetecer. "Um bom trabalhador no escritório também o será a partir de casa", sublinha Mia.
No Interior têm, sobretudo, recolhido informação. "De dia viajamos e à noite trabalhamos", referiu Fred. Levam as malas cheias de projetos, como a oferta de experiências genuínas para turistas, que queiram vir passar um dia com um pastor, fazer facas, aprender a fazer máscaras de caretos ou ir ver como se retira o mel das colmeias. "Não serão experiências perfeitas, mas a oferta da realidade autêntica e das tradições", descreve Mia.